Importante e significativa a presença dos aborígenes nos acontecimentos da visita
papal à Austrália
Na grande missa final, no próximo domingo de manhã, um grupo de aborígenes representará
os povos nativos da Austrália. Entretanto, exprimindo a atenção que Bento XVI reserva
a esta população, nestes primeiros dias de repouso do Papa, o seu Secretário de Estado,
cardeal Tarcisio Bertone, visitará uma aldeia de aborígenes, acompanhado por alguns
outros membros do séquito papal. Aos povos aborígenes, o primeiro-ministro australiano
Kevin Rudd, em Fevereiro passado, pediu oficialmente desculpas pelas injustiças de
que foram vítimas no passado. O chefe do governo denunciou nomeadamente a “assimilação
forçada” que lhe foi imposta desde 1910 até 1970. Segundo revelou Padre Lombardi,
responsável dos serviços de informação da Santa Sé, também o Papa enfrentará esta
questão do respeito dos aborígenes nos discursos que pronunciará na Austrália. Aliás
já em 2006, numa Carta enviada por ocasião dos 20 anos da visita de João Paulo II
à Austrália, Bento XVI referiu expressamente esta espinhosa questão, afirmando nomeadamente:
“Só através de uma disponibilidade para aceitar a verdade história, é possível
chegar a uma sã compreensão da realidade contemporânea e aderir à visão de um futuro
harmonioso. Encorajo pois, uma vez mais todos os australianos a enfrentar com compaixão
e determinação as causas profundas da chaga que ainda hoje afecta tantos cidadãos
aborígenes. O empenho pela verdade abre a via à reconciliação duradoura através de
um processo de cura que implica pedir e conceder perdão, dois elementos indispensáveis
para a paz. É deste modo que se purifica a nossa memória, restituindo a serenidade
ao nosso coração e assegurando ao nosso futuro uma esperança bem fundamenta sobre
a paz que brota da verdade” (fim de citação). Logo à sua chegada ao território
australiano, domingo de manhã, em Darwin, escala técnica do voo papal, Bento XVI recebeu
em dom uma reprodução de “Nossa Senhora dos Aborígenes”, venerado pelos povos nativos
da Austrália. A oferta foi feita pelo bispo católico local, D. Eugénio Hurley, que
se declarou feliz pelo oportunidade de acolher o Papa “em nome de todos os australianos,
mas antes de mais dos territoriais, isto é, da população autóctone. Segundo
os especialistas na matéria, existem actualmente na Austrália 517 mil aborígenes,
que correspondem a 2,5 % da população. A sua expectativa de vida é de 59 anos contra
os 76 da média nacional; e, para as mulheres, 65 anos, contra os 82 para o resto da
população. É sobretudo o limitado acesso à assistência médico-sanitária que afecta
duramente as crianças, que sofrem de modo crónico de doenças nos olhos (por exemplo
o tracoma, infecção que leva à cegueira), de anemia e de danos cerebrais ligados à
má-nutrição.