Lubango, 11 jul (RV) - Os bispos angolanos apelaram ontem a todos os cidadãos
para que votem nas legislativas de 5 de setembro, porque "eleições incontestáveis"
são o "melhor modo de evitar o regresso da guerra".
Numa mensagem pastoral
após a Assembléia extraordinária da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST),
realizada no Lubango, os bispos consideram legítima a "desconfiança" que muitos cidadãos
nutrem em vista do pleito de setembro, que será o segundo da história do país. Em
1992, a guerra civil foi retomada depois do primeiro e único escrutínio realizado
em Angola.
Encorajando os eleitores, os bispos angolanos afirmam que "o melhor
modo de evitar uma guerra é fazer eleições que sejam incontestáveis por serem livres,
justas e transparentes".
"Neste momento, é importante que todos participem.
As eleições, sendo bem realizadas, com justiça e com transparência, contribuem significativamente
para melhorar as condições de vida de um povo", afirmam. Os prelados recordam que
a Igreja "não opta por nenhum partido político" e advertem que "a campanha política
não deve ser feita pela Igreja nem na Igreja e muito menos pelos líderes da Igreja".
Dirigindo-se
ao governo, a Igreja Católica pede que os diversos partidos tenham o mesmo espaço
na mídia durante a campanha eleitoral e que a imprensa se abstenha de "quaisquer discursos
inflamados de ódio e de todo o tipo de violência".
Aos políticos, os prelados
recordam que o melhor modo de ganhar as eleições "será cumprir com responsabilidade
aquilo que se prometeu. Por outro lado, quem as não vencer, aceite o exercício da
oposição como um serviço insubstituível em todo o regime democrático. Assim, a vitória
será de todos os angolanos e não apenas de um partido político".
"Angola terá,
então, uma oportunidade soberana de mostrar uma imagem positiva, diferente daquela
que alguns países africanos têm mostrado no período pós-eleitoral", defendem os bispos.
(BF)