MEMBRO DA CÚRIA MILANESA ACUSA MINISTRO ITALIANO DE FASCISTA
Milão, 07 jul (RV) - Prossegue a polêmica a respeito do fechamento ou não do
Centro de cultura islâmica mais importante da cidade Milão. Todas as sextas-feiras,
dia sagrado para o islamismo, cerca de quatro mil fiéis ocupam as calçadas perto do
Centro para rezar.
Em defesa dos muçulmanos interveio a Igreja local. O responsável
pelas relações ecumênicas e inter-religiosas da arquidiocese de Milão, Mons. Gianfranco
Bottoni, declarou que impedir a oração muçulmana da sexta-feira é uma decisão que
somente um regime fascista ou populista pode tomar, por se tratar de um método "ditatorial".
"Ouso esperar que não estejamos assim tão decadentes", disse Mons. Bottoni.
A
polêmica voltou à tona depois das últimas declarações do ministro do Interior italiano,
Roberto Maroni, que propôs o fechamento do Centro como medida para "resolver" o problema.
Alguns membros do governo de Silvio Berlusconi amenizaram a tensão, declarando que
não se trata de proibição de culto, mas de medidas preventivas.
Mas Mons.
Bottoni foi incisivo: "Duvido que as instituições civis de um país democrático possam
proibir um direito constitucional como a liberdade religiosa e de culto. Poderiam
fazê-lo somente espezinhando Constituição e democracia, laicidade do Estado e civilidade
do Ocidente". O prelado recorda que fechar o Centro requer uma iniciativa da magistratura.
Caso contrário, deve-se falar de abuso.
Em resposta às críticas da Igreja
milanesa, o ministro Maroni ironizou, afirmando que receber insultos e não replicar
é, evidentemente, o destino de homens como ele, ou seja, de boa índole.
Ele
explicou que não se trata de fechar o Centro, mas de transferi-lo para um local onde
as normas urbanísticas e de higiene possam ser respeitadas. Ainda segundo o ministro,
a direção do Centro concordou com a sua transferência. (BF)