OS VALORES SÓ SÃO TAIS QUANDO TÊM CRISTO COMO PONTO DE REFERÊNCIA: A AUDIÊNCIA GERAL
DO PAPA DEDICADA A SÃO MÁXIMO, O CONFESSOR
Cidade do Vaticano, 25 jun (RV) - Todos os nossos valores, inclusive aqueles
que hoje defendemos com mais força, como a tolerância, a liberdade e o diálogo só
se tornam verdadeiros, se tiverem um ponto de referência que os une e lhes dá a verdadeira
autenticidade. Este ponto de referência é a figura de Cristo na qual aprendemos a
verdade sobre nós mesmos e onde colocar todos os outros valores.
Foi este o
fulcro da catequese de Bento XVI na audiência geral de hoje dedicada a São Máximo,
o Confessor, um dos grandes Padres da Igreja do Oriente, nascido na Palestina, por
volta do ano 580 e falecido aos 82 anos, mutilado e exilado na Cólchida, no Mar Negro,
em 662, por ter confessado a fé na integridade de Cristo como Homem, dotado de vontade
também humana.
A vida de São Máximo, o Confessor, deu ocasião ao papa para
lembrar a necessidade da coragem de testemunhar também hoje a fé em Jesus Cristo,
verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, Salvador do mundo, sem nenhuma redução ou compromisso.
Com efeito, São Máximo, acusado de heresia, por ter defendido que Cristo tinha uma
verdadeira vontade humana, soube desafiar com “coragem indômita” o poder do imperador
de então, sendo, por isto, processado e submetido a torturas e terríveis mutilações
da língua e da mão direita, até a morte no exílio:
"São Máximo demonstra
que o homem encontra a sua unidade, a integração de si mesmo, a sua totalidade, não
em si mesmo, mas superando-se a si mesmo, saindo de si mesmo. Assim, também em Cristo,
saindo de si mesmo, o homem encontra em Deus, no Filho de Deus, a si mesmo. Não se
deve amputar o homem para explicar a Encarnação; é necessário apenas compreender o
dinamismo do ser humano que só se realiza saindo de si mesmo; só em Deus encontramo-nos
a nós mesmos. Vê-se, assim, que não o homem que se fecha em si é homem completo, mas
o homem que se abre, que sai de si mesmo se torna completo e encontra-se a si mesmo
precisamente no Filho de Deus, encontra a sua verdadeira humanidade." Bento
XVI explicou, com base nos escritos de São Máximo, que a verdadeira liberdade não
consiste em dizer “não” a Deus, mas em dizer “sim” a Ele, e à sua Vontade. “Devemos
viver unidos a Deus, para estarmos, assim, unidos a nós mesmos e ao cosmo, dando ao
próprio cosmo e à humanidade a justa forma:
"Pensemos nos valores hoje
justamente defendidos, como a tolerância, a liberdade, o diálogo. Uma tolerância que
não soubesse mais distinguir entre o bem e o mal se tornaria caótica e autodestrutiva.
Assim também: uma liberdade que não respeitasse a liberdade dos outros e não encontrasse
a medida das nossas respectivas liberdades, se tornaria anarquia e destruiria a autoridade.
O diálogo que não sabe mais sobre o que dialogar se torna uma charla vazia. Todos
estes valores são grandes, fundamentais, mas só podem ser verdadeiros valores se tiverem
o ponto de referência que os une e que lhes dá a verdadeira autenticidade. Este ponto
de referência é a figura de Cristo na qual aprendemos a verdade de nós mesmos a aprendemos,
assim, onde colocar todos os outros valores." Como sempre, no final da audiência,
o papa saudou os fiéis e peregrinos nas diversas línguas. Ouçamos as suas palavras
em português:
Saúdo agora os fiéis de língua portuguesa da Missão católica
de Sion (na Suíça) e da comunidade que vive à sombra do benemérito Convento franciscano
do Varatojo (no Patriarcado de Lisboa), e todos os peregrinos vindos do Brasil e demais
países lusófonos. Viestes a Roma, junto do túmulo dos Apóstolos, revigorar a vossa
fé cristã e os vínculos de amor e de obediência à Igreja, que Jesus quis fundar sobre
Pedro. Que os vossos corações, fortes na fé, possam estar sempre ao serviço do amor
de Deus, e que as suas bênçãos desçam abundantes sobre vós e sobre as vossas famílias!
Antes de
encontrar-se com os cerca de 14 mil turistas e peregrinos presentes na Praça São Pedro,
o Santo Padre benzeu a nova estátua de São Luís Orione, canonizado em maio de 2004.
A estátua está colocada num nicho externo da Basílica vaticana. E no final da audiência,
dirigindo-se à família orionita, Bento XVI fez votos de que a inauguração da estátua
do fundador “seja para todos os seus filhos espirituais um renovado estímulo a prosseguirem
no caminho traçado por São Luís Orione, especialmente para levar ao Sucessor de Pedro
– como ele mesmo dizia – os pequenos, as classes humildes, os pobres operários e os
rejeitados da vida, que são os mais queridos de Cristo e os verdadeiros tesouros da
Igreja de Jesus Cristo”.
Por fim, o papa lembrou a Solenidade dos Santos Apóstolos
Pedro e Paulo, domingo próximo, e a abertura do Ano Paulino, que ele mesmo fará, com
a celebração das Vésperas, sábado, 28 do corrente, na Basílica de São Paulo Fora dos
Muros. As celebrações contarão com a participação do Patriarca Ecumênico de Constantinopla,
Bartolomeu I, e de representantes de outras Igrejas e Comunidades cristãs. (PL)