CARDEAL SUL-AFRICANO CONDENA DURAMENTE REGIME DE MUGABE
Durban, 25 jun (RV) - "O povo de Zimbábue tem o direito de escolher o seu presidente
numa eleição que seja livre e justa. A Conferência Episcopal, que reúne os bispos
de Botsuana, África do Sul e Suazilândia (SACBC), defende terminantemente essa legítima
aspiração da população de Zimbábue." Assim, o arcebispo de Durban e porta-voz da SACBC,
Cardeal Wilfrid Fox Napier, expressa num comunicado a preocupação da Igreja Católica
pela grave situação criada em Zimbábue após as violências e as intimidações que caracterizam
a campanha eleitoral presidencial.
"Infelizmente, a violência de matriz política,
a intimidação e a tortura tornaram impossível uma justa e equânime realização do segundo
turno das eleições presidenciais. Os candidatos da oposição não podem apresentar seus
programas aos eleitores nem têm um acesso imparcial aos meios de informação", afirma
o Cardeal Napier.
O purpurado apóia plenamente a decisão do líder do Movimento
para a Mudança Democrática, Morgan Tsvangirai, de retirar a sua candidatura para o
segundo turno do próximo dia 27: "A violência intensificou-se nas últimas semanas,
levando o Movimento para a Mudança Democrática a tomar a difícil decisão de não participar
do segundo turno, que se transformou numa farsa".
"É compreensível a escolha
do Movimento para a Mudança Democrática de procurar proteger a vida de seus correligionários
e de outros que foram tomados como alvo. A alternativa teria sido uma guerra civil
não declarada."
Além disso, o Cardeal Napier evidencia que "as atrocidades
e a barbárie do Zanu-PF (o partido do presidente Robert Mugabe) estão documentadas.
As ações de Mugabe e de seus generais, de suas esposas, de seus simpatizantes arruaceiros
e dos chamados veteranos de guerra são uma ofensa aos olhos de Deus. O juízo os espera".
A
condenação ao regime de Mugabe é total: "Todos devem perguntar-se quem pode ser beneficiado
com a atual crise em Zimbábue. Nós, bispos católicos da África do Sul, acreditamos
que as ações da elite no poder merecem uma rigorosa censura. São uma desventura para
todo africano".
"Pedimos aos Estados membros da União Africana que declarem
o seu compromisso em favor da democracia em Zimbábue, repelindo a farsa jurídica em
que esta eleição se tornou e não reconhecendo Robert Mugabe e o seu partido como o
legítimo governo", solicitou o Cardeal Napier no referido comunicado. (RL/BF)