NICARÁGUA: PERSEGUIÇÃO SANDINISTA CONTRA IGREJA FOI UM ERRO
Manágua, 24 jun (RV) - Os arquivos da STASI, a principal organização de segurança
e espionagem da ex-Alemanha Oriental, reconheceram que a perseguição à Igreja na Nicarágua
foi "um grande erro" do regime sandinista.
O diário nicaragüense "La Prensa"
obteve acesso aos arquivos de Berlim e publicou, dias atrás, um amplo documentário
sobre a perseguição feita pelo regime sandinista durante os anos oitenta contra a
Igreja, em virtude da "sistemática aplicação dos sistemas já experimentados por Cuba
e pela presença de dezenas de agentes infiltrados".
O diário reporta, especificamente,
a experiência de um representante da STASI em Manágua, o qual confirmou o seguinte:
"Os erros cometidos tiveram graves conseqüências. O caso mais conhecido é o de Pe.
Bismarck Carballo, então diretor de Rádio Católica e um dos principais opositores
do regime".
Em 11 de agosto de 1982, o sacerdote, pároco de São Miguel, foi
convidado para um almoço na casa de uma paroquiana. Ao chegar, encontrou um homem
armado que o ameaçou e o obrigou a despir-se.
Logo em seguida, irromperam na
casa agentes da polícia sandinista que obrigaram Pe. Carballo a sair despido pela
rua. À espreita, aguardava-o um grupo de defensores e de jornalistas aliados do regime
pronto para fotografá-lo.
Em 2004, o líder dos sandinistas, Daniel Ortega,
pediu perdão ao Pe. Carballo. Na época, os governantes da Nicarágua estavam convencidos
de que a Igreja era financiada pela CIA para opor-se ao regime.
Segundo os
documentos do arquivo da STASI, o objetivo era atingir diretamente os líderes da Conferência
Episcopal e, em particular, os mais estreitos colaboradores do Cardeal Miguel Obando
Bravo, então arcebispo de Manágua. (RL/CA)