ANGELUS: "QUEM CRÊ NADA TEME". O PESAR DO PAPA PELO NAUFRÁGIO NAS FILIPINAS
Cidade do Vaticano, 22 jun (RV) - Bento XVI assomou à janela de seu gabinete
de trabalho, ao meio-dia de hoje, para rezar a oração do Angelus com os fiéis e peregrinos
presentes na Praça São Pedro. Apesar do grande calor do verão europeu, que acaba de
começar, os milhares de fiéis seguiram com atenção a reflexão dominical do papa.
Antes
da oração mariana, o Santo Padre comentou a Liturgia de hoje, em que o evangelista
Mateus apresenta dois convites de Jesus que parecem contrapostos: a não temer e a
temer.
Assim, disse o Santo Padre, somos estimulados a refletir sobre a diferença
existente entre os medos humanos e o temor a Deus. O medo é uma dimensão natural da
vida. Desde criança, a gente experimenta formas de medo, que, depois, se revelam imaginárias
e desaparecem.
Por outro lado, disse o pontífice, existe um tipo de medo mais
profundo, de tipo existencial, que, às vezes, acaba em angústia: ele nasce de um sentido
de vazio, ligado a uma cultura permeada por um difundido niilismo teórico e prático.
Diante
de um panorama amplo e diversificado dos medos humanos, explicou Bento XVI, a Palavra
de Deus é clara: quem teme a Deus não tem medo. E acrescentou: "O temor a Deus, que
as Escrituras definem como 'princípio de verdadeira sabedoria', coincide com a fé
n'Ele, com o respeito sagrado por sua autoridade sobre a vida e sobre o mundo".
Não
temer a Deus, explica ainda o papa, equivale a colocar-se no seu lugar, a sentir-se
dono do bem e do mal, da vida e da morte. Mas quem teme a Deus sente uma segurança,
como aquela que uma criança sente nos braços de sua mãe.
Quem teme a Deus,
afirmou o Bispo de Roma, permanece tranqüilo, mesmo em meio às tempestades, porque
Deus, como Jesus revelou, é um Pai repleto de misericórdia e de bondade. Quem O ama
não tem medo: "Quem crê, portanto, nada teme, porque sabe que está nas mãos de Deus;
sabe que o mal e o irracional não têm a última palavra, pois o único Senhor do mundo
e da vida é Cristo, que nos amou a ponto de se sacrificar, morrendo na Cruz para a
nossa salvação".
Quanto mais crescemos nesta intimidade com Deus, impregnada
de amor, mais vencemos toda forma de medo. Fortalecido por esta presença de Cristo
e confortado pelo seu amor, nem mesmo o Apóstolo dos Gentios, Paulo, temeu o martírio.
A propósito, dentro de poucos dias será inaugurado o Ano Paulino, para celebrar
o bimilenário de seu nascimento. "Que este grande evento espiritual e pastoral possa
suscitar em nós uma renovada confiança de Jesus Cristo, que nos chama a anunciar e
testemunhar o seu Evangelho sem nada temer", disse o papa.
O Santo Padre convidou
os fiéis a se prepararem com fé para a celebração do Ano Paulino, que será inaugurado
por ele no próximo sábado, às 18 horas locais, na Basílica papal de São Paulo fora
dos Muros, em Roma. Na ocasião, Bento XVI vai presidir à Liturgia das Primeiras Vésperas
da Solenidade de São Pedro e São Paulo.
Depois da oração do Angelus, Bento
XVI lamentou a notícia do naufrágio de um navio atingido, esta manhã, pelo tufão Fengshen
no arquipélago das Filipinas: "Enquanto asseguro a minha solidariedade para com as
populações das ilhas atingidas pelo tufão, elevo ao Senhor uma oração especial pelas
vítimas desta nova tragédia marítima, na qual foram envolvidas numerosas crianças".
A
seguir, o Bispo de Roma lembrou que hoje em Beirute, no Líbano, foi proclamado bem-aventurado
um filho daquela terra: Yaaqub de Ghazir Haddad, no civil Khalil, sacerdote da Ordem
dos Franciscanos Menores Capuchinhos e fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas
da Cruz do Líbano. A elas, o Papa expressou suas felicitações e pediu ao novo bem-aventurado
e aos demais santos libaneses para que aquele amado, sofrido e martirizado país possa
empreender, finalmente, uma paz estável. (MT/BF)