Santa Sé reforça diálogo com o mundo da cultura. Darwin, Galileu, Islão, economia
ou arte contemporânea são apostas para o futuro
(21/6/2008) O presidente do Conselho Pontifício para a Cultura (CPC), D. Gianfranco
Ravasi, destacou em Fátima a vontade da Santa Sé de reforçar o diálogo com o mundo
da cultura e da ciência, dando como exemplo um Congresso Internacional sobre a Criação,
que irá decorrer em 2009, ano do 200.º aniversário do nascimento de Darwin e do 150.º
da sua obra a “Evolução das espécies”. Falando nas IV Jornadas Pastorais da Cultura,
frisou que as apostas do CPC passam, entre outras, pela relação entre ciência e fé
(teologia, filosofia cristã), “campo no qual já organizámos uma estrutura muito importante
que tem relações com as grandes universidades dos EUA e que no próximo ano entrará
em campo com uma série de iniciativas”, com destaque para o já citado Congresso Internacional,
com uma duração prevista de cinco dias e com a presença confirmada de 3 prémios Nobel.
Também o processo contra Galileu irá ser ocasião para a promoção de iniciativas
internacionais sobre a ciência e a sua relação com a fé. D. Gianfranco Ravasi
falou também da atenção do CPC em relação ao tema das ciências humanas, com destaque
para a Economia, porque “há um forte movimento, entre os economistas, para superar
a concepção da economia apenas como técnica financeira, monetária”, mas também como
ciência humanística. A economia, disse o membro da Cúria Romana, deve ser a “lei
da casa do mundo, no qual há nações emergentes, mas também nações pobres; há globalização,
mas também o ressurgimento dos nacionalismos”, frisando a importância de falar ainda
de “glocalização”. Num último ponto, o presidente do CPC destacou o diálogo com
a arte contemporânea, na qual, disse, se perdeu em muitos casos a importância da beleza
e do significado de cada obra. Por isso, lembrou aos presentes a sua proposta
de marcar presença, no próximo ano, com um pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte
de Veneza. Antes disso, assegurou D. Ravasi, irá convidar ao Vaticano “cinco ou seis
artistas de grande nível” para um diálogo aprofundado, que considera existir já com
a arquitectura – citando mesmo o caso de Siza Vieira -, mas que falta no mundo das
imagens ou na música.