BENTO XVI NOMEIA D. FOUAD TWAL NOVO PATRIARCA DE JERUSALÉM DOS LATINOS. O PATRIARCA
TRAÇA UM QUADRO DA SITUAÇÃO DOS CRISTÃOS NA TERRA SANTA
Cidade do Vaticano, 21 jun (RV) - Bento XVI nomeou D. mons. Fouad Twal Patriarca
de Jerusalém dos Latinos, em substituição de D. Michel Sabbah, que renunciou por limite
de idade. D. Fouad Twal é, por assim dizer, um pastor com experiência de diplomata.
Nascido em 1940 na Jordânia, ele era coadjutor do Patriarcado de Jerusalém dos Latinos.
Ordenado em 1966, trabalhou como vice-pároco de Ramalá. Em outubro de 1974 entra Pontifícia
Academia eclesiástica, a escola que forma os núncios da Santa Sé. De 1977 a 1992,
prestou serviço diplomático na nunciatura apostólica de Honduras, no conselho para
os Assuntos Públicos da Secretaria de Estado, nas nunciaturas apostólicas na Alemanha
e no Peru. Nomeado bispo prelado de Túnis, em 1992, foi promovido a arcebispo 3 anos
depois; foi inclusive presidente da Conferência episcopal regional do Norte da África.
A posse do novo Patriarca de Jerusalém dos Latinos será neste domingo, na Basílica
do Santo Sepulcro onde também celebrará a sua primeira Missa Pontifical, segunda-feira
próxima. Está marcado para quarta-feira, dia 25, o ingresso solene do Patriarca D.
Fouad Twal na Basílica da Natividade de Belém. Sobre a situação da comunidade cristã
na Terra Santa, a Rádio Vaticano entrevistou o novo Patriarca de Jerusalém dos Latinos.
Vamos ouvi-lo. R.-D. Fuad:- Recebemos muitas, muitas ajudas e somos gratos.
Mas, ao mesmo tempo, dizemos: precisamos de algo mais. O de que temos necessidade
é de paz. Não nos queremos mais limitar a “sobreviver”, não queremos viver com a licença
de mendigos, continuando a pedir esmolas por toda a vida. É uma grande humilhação.
Neste momento, precisamos de um horizonte político, precisamos de um projeto, precisamos
saber para onde estamos indo: é hora de acabar com o muro, é hora de acabar com as
barreiras de controle, é hora de criar um Estado palestino, é hora de pôr fim aos
nossos problemas com os vistos de entrada... Como o senhor sabe, o Patriarcado latino
abrange a Jordânia, a Palestina e Israel; a maioria dos nossos sacerdotes, das nossas
irmãs e das nossas escolas estão na Jordânia; isto significa que precisamos desta
ligação com a Jordânia, precisamos nos deslocar livremente para poder exercer o nosso
ministério pastoral; acontece que somos limitados: limitados porque até hoje Israel
não confia, Israel segue uma política do medo e o medo não é a melhor condição para
viver e para partilhar. Queremos que todos possam ter acesso aos Lugares Santos, queremos
a liberdade para as pessoas que vivem aqui, para os nossos cristãos, de Belém, de
Ramalá, da Galiléia, da Jordânia; que possam visitar livremente a Cidade Santa, os
Lugares Santos. Até agora, esta graça, esta bênção, esta alegria nos foram barradas. P.
– Recentemente, ouvimos o presidente Bush fazer apelo por uma solução da crise médio-oriental
dentro de pouco tempo. As pessoas na Terra Santa acreditam que estas palavras possam
traduzir-se em ações concretas? R.- D. Fuad:- Somos muito gratos ao Sr.
Bush pela sua visita; somos gratos também pelo discurso de Olmert. Pela primeira vez,
o presidente Bush pronunciou a palavra “ocupação”, que nunca tinha usado antes. Até
Olmert, com quem nos avistamos recentemente, disse que quer encontrar uma solução
ainda este ano. Mas entre as promessas, os discursos bonitos e a realidade cotidiana
há um abismo. Considerando a situação atual, com as cidades da Palestina separadas
umas das outras... não consigo ver como poderemos conseguir resolver a situação ainda
este ano! Mas nós cristãos jamais perdemos a esperança e continuamos a viver com dinamismo,
com otimismo, com alegria... Não somos nem jamais seremos desesperados. Há muitos
sinais positivos que nos dão a alegria de viver e de trabalhar. Os nossos seminários
estão cheios de seminaristas, temos tantos peregrinos, tantos amigos, não estamos
sós... Graças a Deus! Estamos felizes por ver que as duas partes, palestinos e israelenses,
se encontraram para falar, para buscar uma solução. Queremos lembrar a Israel – a
quem desejamos paz e segurança – que até agora venceu todas as guerras, ou quase todas,
com os seus vizinhos; mas nunca venceu até agora a paz e a segurança. Tentemos seguir
outra estrada: tentemos com o diálogo, com a confiança, procuremos respeitar as resoluções
internacionais, experimentemos algo de diferente. E esperamos que todos possam gozar
paz e segurança! (PL)