AS CONCLUSÕES DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE "POLÍTICA, FORMA EXIGENTE DE CARIDADE"
Cidade do Vaticano, 21 jun (RV) - As Igrejas façam mais para formar ao compromisso
social e político: foi o que pediu o presidente do Pontifício Conselho da Justiça
e da Paz, Cardeal Renato Raffaele Martino, apresentando as conclusões do Seminário
Internacional, promovido pelo seu Organismo, sobre o tema: "A política, forma exigente
de caridade", que se realizou ontem e hoje em Roma.
O Cardeal Martino esclarece
que "a Igreja não faz política, não forma à política, mas deve formar e educar ao
compromisso social e político". Ressalta que "a política continua sendo um espaço
essencial e um instrumento fundamental para a construção de uma sociedade digna do
homem". Mas não pode ser endeusada nem demonizada: "não resolve todos os problemas
do homem nem pode ser desprezada ou identificada como o campo no qual florescem cinismo,
corrupção e poder demoníaco".
O Cardeal Martino indica na Doutrina Social da
Igreja o instrumento estratégico fundamental no compromisso político dos cristãos
e no modo cristão de abordar a política, de aproximar-se dela. Esta doutrina "liga
a política à caridade", numa rede de conexões – teológicas, espirituais, éticas e
culturais – que dá impulso e esperança à política.
"Difundir a doutrina social
é uma das grandes prioridades pastorais das nossas Igrejas chamadas a evangelizar
também a política, chamadas a iluminar com a luz do Evangelho tudo o que, de uma maneira
ou de outra, tem a que ver com a política", disse o Cardeal Martino, que destacou
os valores essenciais desta doutrina: uma política que coloca a pessoa humana sempre
no centro; a política como serviço ao bem comum; uma política inspirada por um humanismo
integral e solidário; uma política que valoriza a família; que é enriquecida pelos
valores da verdade, da justiça, da liberdade e da caridade; uma política capaz de
regulamentar com justiça as relações econômicas, com uma opção preferencial pelos
pobres; uma política capaz de humanizar a técnica; uma política que pára quando encontra
valores que não dependem dela e dos quais não pode dispor; uma política que não exila
o transcendente, porque sabe que uma sociedade sem Deus corre o perigo de se tornar
uma sociedade contra o homem; uma política de paz e para a paz.
O Cardeal Martino
destacou que "a Igreja se interessa pela política não para reafirmar os seus interesses,
mas porque quer torná-la rica de valores para o bem do homem. E o cristão engajado
na política pode encontrar nela também a estrada da sua santidade".
A propósito,
o Cardeal Martino propôs, como conclusão do Seminário, as bem-aventuranças do político,
indicadas pelo seu predecessor à frente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz,
o Cardeal Van Thuan:
"Bem-aventurado o político que tem consciência do seu
papel; Bem-aventurado o político cuja honra é respeitada; Bem-aventurado o político
que trabalha pelo bem comum e não pelo seu próprio bem; Bem-aventurado o político
que se julga fielmente coerente e respeita as promessas eleitorais; Bem-aventurado
o político que realiza a unidade e, fazendo de Jesus o fulcro, a defende; Bem-aventurado
o político que sabe ouvir o povo, antes, durante e depois das eleições; Bem-aventurado
o político que não tem medo, em primeiro lugar, da verdade; Bem-aventurado o político
que não tem medo da mídia, porque na hora do juízo, deverá responder somente a Deus".
(PL)