INICIA-SE, COM MISSA EM SANTUÁRIO MARIANO, VISITA DO PAPA AO EXTREMO SUL DA ITÁLIA
Cidade do Vaticano, 14 jun (RV) - Bento XVI encontra-se desde as 16h30 locais
no extremo sul da Itália, em visita pastoral de dois dias, hoje e amanhã, a Santa
Maria di Leuca _ primeira etapa da visita _ e Brindisi, ambas as cidades situadas
na região da Puglia.
O Santo Padre deixou o Estado da Cidade do Vaticano de
automóvel, às 15h locais, transferindo-se para o aeroporto romano de Ciampino, de
onde partiu meia hora depois com destino a Santa Maria de Leuca, chegando às 16h30
ao aeroporto militar “Fortunato Cesari” de Galatina.
Dali o pontífice seguiu
de helicóptero até Punta Rístola de Santa Maria di Leuca, onde foi recebido, entre
outros, pelo Bispo de Ugento-Santa Maria di Leuca, Dom Vito De Grisantis; o núncio
apostólico na Itália, Dom Giuseppe Bertello; pelo representante do governo italiano,
Raffaele Fitto; pelo embaixador da Itália junto à Santa Sé, Antonio Zanardi Landi,
o governador da região da Puglia, Nichi Vendola.
Após a saudação, as autoridades
civis se transferiram de automóvel para o Santuário de Santa Maria de finibus terrae
_ Santa Maria di Leuca, precedendo o cortejo papal.
Esta é a décima viagem
pastoral de Bento XVI na Itália. A visita do papa a Santa Maria di Leuca é uma peregrinação
substancialmente mariana. De fato, o pontífice chegou à cidade da Puglia como peregrino
mariano.
Recebido com grande entusiasmo, 45 mil fiéis e peregrinos o aguardavam
dentro e fora do antiqüíssimo santuário mariano, onde Bento XVI presidiu, no patamar
do santuário, a santa missa.
Na saudação ao Santo Padre, no início da celebração,
o Bispo de Ugento-Santa Maria de Leuca, Dom Vito, falou da grande comoção e imensa
alegria com a qual a Igreja local e todo o sul Salerno recebia o Sucessor de Pedro.
Dom
Vito recordou a tradição do povo local passada de geração em geração _ embora não-documentada
_ segundo a qual aquela terra teria sido evangelizada pelo Apóstolo Pedro proveniente
do Oriente. O prelado ressaltou que, independentemente do fundamento histórico, ela
se reveste de um grande significado pelo fato de o povo dali considerar a própria
fé oriunda da pregação de Pedro.
Por sua vez, o Santo Padre, em sua homilia,
disse que a sua visita à Puglia _ a segunda após o Congresso Eucarístico de Bari _
se iniciava como peregrinação mariana, naquele extremo rincão da Itália e da Europa,
no Santuário de Santa Maria de finibus terrae. Bento XVI agradeceu, de modo
particular, a Dom Vito pelo convite e pelo cordial acolhimento.
Neste lugar
historicamente tão importante para o culto da bem-aventurada Virgem Maria _ disse
o papa _ eu quis que a liturgia fosse dedicada a ela, Estrela do mar e Estrela da
esperança.
No mar da vida e da história, continuou, Maria resplendece como
Estrela de esperança. Não brilha com luz própria, mas reflete a luz de Cristo. Sol
que apareceu no horizonte da humanidade, de modo que seguindo a Estrela de Maria podemos
orientar-nos na viagem e manter a rota rumo a Cristo, especialmente nos momentos obscuros
e tempestuosos.
O apóstolo Pedro conheceu muito bem essa experiência, por tê-la
vivido em primeira pessoa. Uma noite, enquanto estava com os outros discípulos atravessando
o lago da Galiléia, foi surpreso pela tempestade. A barca deles, à mercê das ondas,
não conseguia seguir adiante. Jesus os alcançou naquele momento caminhando sobre as
águas, e convidou Pedro a descer da barca e a aproximar-se.
O papa continuou
recordando esse conhecido episódio do Evangelho. Em seguida, o Santo Padre disse querer
evocar a história de São Pedro por saber que aquele lugar e toda a Igreja local são
particularmente ligados ao Príncipe dos Apóstolos.
De fato, a tradição local
faz remontar a São Pedro _ como dissera o bispo local na saudação ao papa _o primeiro
anúncio do Evangelho naquela terra. O Pescador, “pescado” por Jesus, lançou as redes
até aqui _ disse Bento XVI _ e nós hoje rendemos graças por termos sido objeto dessa
“pesca milagrosa”, que dura há dois mil anos, uma pesca que, como escreve o próprio
São Pedro, “nos chamou das trevas à Sua luz admirável” (1 Pd 2, 9).
Para
tornar-se pescador com Cristo _ frisou o pontífice _ é preciso primeiro ter sido “pescado”
por Ele. São Pedro é testemunha dessa realidade, como o é São Paulo, grande convertido,
de quem daqui a poucos dias inauguraremos o bimilenário de nascimento.
Como
Sucessor de Pedro e bispo da Igreja fundada no sangue destes dois iminentes Apóstolos
_ ressaltou Bento XVI _ vim confirmá-los na fé em Jesus Cristo, único salvador do
homem e do mundo.
“De finibus terrae”: o nome desse lugar santo é muito
bonito e sugestivo _ observou o papa _ porque recorda uma das últimas palavras de
Jesus a seus discípulos. Voltado para a Europa e o Mediterrâneo, entre o Ocidente
e o Oriente, ele nos recorda que a Igreja não tem confins, é universal. E os confins
geográficos, culturais, étnicos, até mesmo os confins religiosos são para a Igreja
um convite à evangelização na perspectiva da “comunhão das diversidades”.
A
Igreja nasceu em Pentecostes, nasceu universal e a sua vocação é falar todas as línguas
do mundo. A Igreja existe _ segundo a originária vocação e missão revelada a Abraão
_ para ser uma bênção em benefício de todos os povos da terra (cfr Gn 12, 1-3);
para ser, com a linguagem do Concílio Ecumênico Vaticano II, sinal e instrumento de
unidade para todo o gênero humano (Cfr Cost. Lumen gentium, 1).
A Igreja
que está na Puglia tem uma grande vocação a ser ponte entre povos e culturas _ frisou
o pontífice. De fato, esta terra e este Santuário são um “posto avançado” nessa direção
_ constatou ele. Bento XVI concluiu a homilia de celebração dirigindo seu pensamento
à Virgem Maria, confiando a ela os povos que se encontram no Mediterrâneo e os povos
do mundo inteiro invocando, para todos, desenvolvimento e paz. (RL)