2008-06-14 18:56:05

Conjugar o duplo princípio da vida cristã - petrino e mariano, partindo de novo de Cristo, na renovação pessoal e comunitária e na evangelização: Bento XVI na missa em Santa Maria de Leuca


(14/6/2008) Neste sábado e domingo Bento XVI efectua uma visita pastoral a Santa Maria di Leuca e Brindisi, no sul da Itália.
O Papa que partiu de Roma ao meio da tarde deste sábado já celebrou em Santa Maria di Leuca a Santa Missa em frente do Santuário de Nossa Senhora.
Na homilia, Bento XVI apresentou Maria como “estrela da esperança”, sublinhando porém que “ela não brilha com luz própria, mas reflecte a luz de Cristo, Sol que apareceu no horizonte da humanidade”. “Seguindo a estrela de Maria podemos orientar-nos na viagem e manter a rota em direcção a Cristo, especialmente nos momentos obscuros e tempestuosos”.

Como recordara o Bispo local, na saudação inicial, uma antiga tradição atribui a evangelização destas terras do extremo sul da península itálica ao Apóstolo Pedro, quando aqui chegou vindo da Palestina. Independentemente da fundamentação histórica de tal hipótese, o que interessa e é significativo é que, fazendo remontar a sua fé à pregação do primeiro dos Apóstolos, os fiéis manifestam o “apego a Pedro como garantia de fé autêntica e segura, porque fundamentada sobre a rocha”.
Foi pois sobre a experiência petrina que Bento XVI prosseguiu a sua homilia, comentando o episódio em que Jesus salva das águas Pedro, que está para afundar. E a pesca milagrosa - que dura desde há dois mil anos – mostra como Jesus “pescou” o modesto pescador da Galileia, chamando-o, como a nós hoje, “das trevas à sua luz admirável”.

“Para nos tornarmos pescadores com Cristo, é preciso sermos primeiro pescados por Ele. São Pedro é testemunha desta realidade, como o é também São Paulo, grande convertido, do qual dentro em pouco inauguraremos os dois mil anos do nascimento. Como Sucessor de Pedro e Bispo da Igreja fundada sobre o sangue destes dois eminentes Apóstolos, vim confirmar-vos na fé em Jesus Cristo, único salvador do homem e do mundo”.

Observando que neste santuário de Leuca se conjugam a fé de Pedro e a de Maria, o Papa fez notar que se exprime assim o que designou “o duplo princípio da experiência cristã: o princípio mariano e o princípio petrino.” Ambos, conjuntamente (assegurou), ajudarão a partir de novo de Cristo, renovando a fé, para corresponder às exigências do nosso tempo.
 
“Maria ensina-nos a permanecermos sempre à escuta do Senhor no silêncio da oração, a acolher com generosa disponibilidade a sua Palavra com o profundo desejo de oferecer a Deus vós mesmos, a vossa vida concreta, para que o seu Verbo eterno, pela potência do Espírito Santo, possa de novo hoje fazer-se carne, na nossa história”.

Maria há-de ajudar também cada um a levar no coração a alegria da Ressurreição de Jesus, em constante docilidade ao Espírito do Pentecostes. Uma atitude espiritual complementada com o modelo de Pedro…

“São Pedro vos ensinará a sentir e a crer com a Igreja, firmes na fé católica. Levar-vos-á a ter o gosto e a paixão da unidade, da comunhão, a alegria de caminhar conjuntamente com os Pastores; e ao mesmo tempo, participar-vos-á a ânsia da missão, para partilhar o Evangelho com todos, fazendo-o chegar até aos extremos confins da terra”.

Ora precisamente estas últimas palavras de Jesus aos seus discípulos como que ecoam no belo e sugestivo nome deste santuário de Leuca: “de finibus terrae”.

“Situada entre a Europa e o Mediterrâneo, entre o Ocidente e o Oriente, este santuário recorda-nos que a Igreja não tem confins, é universal. E os confins geográficos, culturais, étnicos, até mesmo os confins religiosos são para a Igreja um convite à evangelização na perspectiva da comunhão na diversidade. A Igreja nasceu no Pentecostes, nasceu universal e a sua vocação é falar todas as línguas do mundo.”

Segundo a vocação e missão revelada a Abraão – observou ainda o Papa – “a Igreja existe para ser uma bênção em benefício de todos os povos da terra, ou – como diz o Concílio Vaticano II – sinal e instrumento de unidade para todo o género humano”. O que vale, de modo muito particular, nestas terras de confim. “A Igreja que está na Puglia possui uma forte vocação a ser ponte entre povos e culturas”.
Quase a concluir, Bento XVI recordou ainda que a evangelização tem que ser acompanhada por um autêntico testemunho evangélico, cuja eficácia está em proporção directa com a intensidade do amor. “De nada vale projectar-se até aos confins da terra, se antes de mais as pessoas não se estimarem e não se ajudarem no interior das suas próprias comunidades!” – advertiu o Papa. “Num contexto que tende a incentivar cada vez mais o individualismo, o primeiro serviço da Igreja é educar ao sentido social, à atenção para com o próximo, à solidariedade e à partilha”.








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