2008-06-10 20:49:20

SERVIDOR DA IGREJA E DA CAUSA DA PAZ: CARD. BERTONE RECORDA CARDEAL CASAROLI, PASSADOS DEZ ANOS DE SUA MORTE


Cidade do Vaticano, 10 jun (RV) - Um diplomata excepcional, comprometido em construir a paz e em assegurar à Igreja as condições para desempenhar a sua ação em liberdade: o cardeal-secretário de Estado, Tarcisio Bertone, recordou esta manhã com emoção e admiração o Cardeal Agostino Casaroli, principal artífice da ostpolitik, ou seja, a ação de diálogo da Santa Sé com os regimes comunistas nos anos precedentes à queda do Muro de Berlim.

O Cardeal Bertone destacou a eminente figura eclesial do secretário de Estado entre os anos 1979 a 90 na abertura do Simpósio, na Sala do Sínodo, no Vaticano, justamente para recordar o Cardeal Casaroli, passados dez anos de sua morte.

Também se pronunciaram no Simpósio o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, e os ex-ministros do Exterior da França e da Polônia, respectivamente Jean-Bernard Raimond e Wladislaw Bartoszewski.

O Cardeal Bertone recordou que a ostpolitik de Agostino Casaroli desenvolveu-se por 25 anos, de 1963 a 89, a serviço de cinco pontífices. O purpurado ressaltou, em primeiro lugar, as características da ação do Cardeal Casaroli:

"A ação pastoral e diplomática do Cardeal Casaroli, que coincide em grande parte com a chamada ostpolitik da Igreja, se faz efetivamente presente entre estes dois pólos: o bem da Igreja, 'ser embaixador de Cristo'; e a busca do diálogo possível, 'para tudo reconciliar'."

O Cardeal Casaroli, prosseguiu ele, teve como "bússola" para seu agir "um profundo amor pela causa da paz", convencido de que a busca da concórdia entre as nações era um imperativo moral e, ao mesmo tempo, uma necessidade para a própria sobrevivência da humanidade.

Em seguida, o Cardeal Bertone passou em resenha a atividade diplomática do Cardeal Casaroli. Na primeira fase da ostpolitik vaticana, nos países comunistas a situação era desoladora por causa das detenções de sacerdotes e bispos, do fechamento de seminários, do confisco de bens religiosos e, ainda, por causa da propaganda ateísta e da discriminação dos católicos em todos os âmbitos da sociedade.

Além disso, "a drástica ruptura" das relações entre esses governos e a Santa Sé tornou difícil as relações eclesiais entre o papa e as comunidades locais. Com João XXIII foram feitas as primeiras tentativas de diálogo, às quais seguiram a fase difícil e árdua sob o pontificado de Paulo VI.

"Agostinho Casaroli foi um negociador vaticano dotado de indubitáveis capacidades de mediação; homem de diálogo, hábil tecedor de contatos, paciente e incansável buscador de acordos possíveis", disse o cardeal-secretário de Estado.

A ostpolitik do Cardeal Casaroli alcançou um grande resultado com a experiência da Santa Sé na Conferência de Helsinki, entre 1973 e 75, na qual obteve o explícito reconhecimento da liberdade religiosa. Um princípio que formalmente legitimou a Igreja a conduzir negociações políticas bilaterais. Porém, Agostino Casaroli não foi somente um extraordinário diplomata. De fato, o Cardeal Bertone recordou o seu empenho em prol dos jovens detentos do cárcere romano para menores:

"Merece ser ressaltado esse lado humano de sua personalidade. Ele não foi somente um excelente diplomata, um ótimo tecedor de diálogo e de relações, mas também um amigo dos pobres e dos jovens em dificuldade."

Agostino Casaroli, concluiu, foi "capaz de unir a atenção pelas grandes questões eclesiásticas e políticas à escuta e à ajuda por quem sofre e é marginalizado". (RL/BF)







All the contents on this site are copyrighted ©.