SERVIDOR DA IGREJA E DA CAUSA DA PAZ: CARD. BERTONE RECORDA CARDEAL CASAROLI, PASSADOS
DEZ ANOS DE SUA MORTE
Cidade do Vaticano, 10 jun (RV) - Um diplomata excepcional, comprometido em
construir a paz e em assegurar à Igreja as condições para desempenhar a sua ação em
liberdade: o cardeal-secretário de Estado, Tarcisio Bertone, recordou esta manhã com
emoção e admiração o Cardeal Agostino Casaroli, principal artífice da ostpolitik,
ou seja, a ação de diálogo da Santa Sé com os regimes comunistas nos anos precedentes
à queda do Muro de Berlim.
O Cardeal Bertone destacou a eminente figura eclesial
do secretário de Estado entre os anos 1979 a 90 na abertura do Simpósio, na Sala do
Sínodo, no Vaticano, justamente para recordar o Cardeal Casaroli, passados dez anos
de sua morte.
Também se pronunciaram no Simpósio o presidente do Pontifício
Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, e os ex-ministros
do Exterior da França e da Polônia, respectivamente Jean-Bernard Raimond e Wladislaw
Bartoszewski.
O Cardeal Bertone recordou que a ostpolitik de Agostino
Casaroli desenvolveu-se por 25 anos, de 1963 a 89, a serviço de cinco pontífices.
O purpurado ressaltou, em primeiro lugar, as características da ação do Cardeal Casaroli:
"A
ação pastoral e diplomática do Cardeal Casaroli, que coincide em grande parte com
a chamada ostpolitik da Igreja, se faz efetivamente presente entre estes dois
pólos: o bem da Igreja, 'ser embaixador de Cristo'; e a busca do diálogo possível,
'para tudo reconciliar'."
O Cardeal Casaroli, prosseguiu ele, teve como "bússola"
para seu agir "um profundo amor pela causa da paz", convencido de que a busca da concórdia
entre as nações era um imperativo moral e, ao mesmo tempo, uma necessidade para a
própria sobrevivência da humanidade.
Em seguida, o Cardeal Bertone passou em
resenha a atividade diplomática do Cardeal Casaroli. Na primeira fase da ostpolitik
vaticana, nos países comunistas a situação era desoladora por causa das detenções
de sacerdotes e bispos, do fechamento de seminários, do confisco de bens religiosos
e, ainda, por causa da propaganda ateísta e da discriminação dos católicos em todos
os âmbitos da sociedade.
Além disso, "a drástica ruptura" das relações entre
esses governos e a Santa Sé tornou difícil as relações eclesiais entre o papa e as
comunidades locais. Com João XXIII foram feitas as primeiras tentativas de diálogo,
às quais seguiram a fase difícil e árdua sob o pontificado de Paulo VI.
"Agostinho
Casaroli foi um negociador vaticano dotado de indubitáveis capacidades de mediação;
homem de diálogo, hábil tecedor de contatos, paciente e incansável buscador de acordos
possíveis", disse o cardeal-secretário de Estado.
A ostpolitik do Cardeal
Casaroli alcançou um grande resultado com a experiência da Santa Sé na Conferência
de Helsinki, entre 1973 e 75, na qual obteve o explícito reconhecimento da liberdade
religiosa. Um princípio que formalmente legitimou a Igreja a conduzir negociações
políticas bilaterais. Porém, Agostino Casaroli não foi somente um extraordinário diplomata.
De fato, o Cardeal Bertone recordou o seu empenho em prol dos jovens detentos do cárcere
romano para menores:
"Merece ser ressaltado esse lado humano de sua personalidade.
Ele não foi somente um excelente diplomata, um ótimo tecedor de diálogo e de relações,
mas também um amigo dos pobres e dos jovens em dificuldade."
Agostino Casaroli,
concluiu, foi "capaz de unir a atenção pelas grandes questões eclesiásticas e políticas
à escuta e à ajuda por quem sofre e é marginalizado". (RL/BF)