Porto Alegre, 09 jun (RV) - A Igreja gaúcha publicou ontem uma Carta à sociedade,
expressando seu repúdio à corrupção. O manifesto é assinado por três bispos, leigos,
leigas, religiosos e religiosas, diáconos, padres e bispos, participantes da 5ª Assembléia
da Ação Evangelizadora, provenientes das 17 dioceses do Estado do Rio Grande do Sul.
Eis a Carta na íntegra:
"Não é de agora a corrupção existente no aparelho estatal
da sociedade brasileira. Ela assume proporções desmedidas e destruidoras, corroendo
o tecido social e inviabilizando a vida de tantos irmãos excluídos. As causas da corrupção
são múltiplas. Parece configurar-se entre nós um costume de desvios éticos. Não basta
a purificação dos costumes políticos. É preciso apontar a origem da corrupção. Ela
está na ganância e no poder político e econômico. É necessário responsabilizar os
corruptos e os corruptores.
Lamentamos, em meio a esse cenário, a pouca aplicação
de recursos para investimentos na área social: hospitais, postos de saúde, escolas,
presídios, creches, geração de trabalho e renda, pequenos agricultores, população
indígena, quilombola, entre outros, e para políticas públicas em geral.
Apostamos
numa sociedade democrática. Confiamos nos instrumentos de direito, constituídos para
exercer o papel de fiscalização, controle e encaminhamento das necessárias medidas
punitivas e reparadoras de tais atos que ferem a credibilidade na gestão pública.
Neste ano de eleições, é preciso dar um voto consciente para vereadores e
prefeitos, comprometidos com a honestidade e a transparência na gestão pública a serviço
do bem comum, em primeiro lugar dos mais pobres.
Reafirmamos a posição da
Igreja no Brasil a favor da ética como responsabilidade de todas as pessoas e, de
modo especial, na administração pública. Conclamamos toda sociedade gaúcha a participar
da coleta de assinaturas para a aprovação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular,
a qual visa impedir a candidatura de pessoas com pendências na justiça, por uma série
de crimes graves, alterando, assim, a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
Animados
pela fé na vida e pela esperança em Jesus Cristo, queremos, na vigilância e na participação
cidadã, construir uma sociedade justa e solidária."
A carta, de 8 de junho,
é assinada pelos participantes da Assembléia, por Dom José Mário Stroeher, bispo do
Rio Grande e presidente, Dom Hélio Adelar Rubert, bispo de Santa Maria e vice-presidente,
e Dom Zeno Hastenteufel, bispo de Novo Hamburgo e secretário. (CM/BF)