“A verdadeira religião consiste no amor de Deus e do próximo”: Bento XVI, domingo
ao meio-dia, comentando o Evangelho do dia, antes da recitação do Angelus
(8/6/2008) O Papa começou por recordar que no centro da liturgia da Palavra deste
domingo se encontra uma expressão do profeta Oseias, que Jesus retoma no Evangelho
“Quero o amor e não o sacrifício, o conhecimento de Deus mais do que os holocaustos”.
“Trata-se de uma palavra-chave, uma daquelas palavras que nos introduzem
no coração da Sagrada Escritura” – sublinhou Bento XVI. O contexto em que Jesus faz
sua esta passagem do profeta, é a vocação de Mateus, que uma celebérrima pintura de
Caravaggio tão bem ilustra. Jesus vai a casa de Mateus, onde se encontra e está à
mesa com tantos outros publicanos, todos considerados publicamente pecadores. Aos
fariseus escandalizados ele responde: “Não são os sãos que têm necessidade do médico,
mas os doentes… Não vim chamar os justos, mas os pecadores”.
“O evangelista
Mateus, sempre atento ao elo que liga Antigo e Novo Testamento, neste ponto põe nos
lábios de Jesus a profecia de Oseias: Ide e aprendei o que significa: Prefiro a
misericórdia ao sacrifício.”
“É tal a importância desta expressão do Profeta
que o Senhor a cita novamente noutro contexto, a propósito da observância do Sábado
– prosseguiu Bento XVI. Também neste caso Ele assume a responsabilidade da interpretação
do preceito, revelando-se como Senhor das próprias instituições legais.
“Portanto,
Jesus, Verbo feito homem, reencontrou-se plenamente, por assim dizer, neste
oráculo de Oseias. Fê-lo com todo o seu coração e realizou-se no seu comportamento,
à custa até mesmo de ferir a sensibilidade dos chefes do seu povo. Esta palavra de
Deus chegou até nós através dos Evangelhos, como uma das sínteses de toda a mensagem
cristã: a verdadeira religião consiste no amor de Deus e do próximo. É isso o
que dá valor ao culto e à prática dos preceitos.”
Bento XVI concluiu dirigindo
o olhar a Maria, para que, por intercessão da Mãe de misericórdia, possamos “viver
sempre na alegria da experiência cristã”, em “filial abandono em relação a Deus, que
é misericórdia infinita”. Poderemos assim fazer nossa uma conhecida oração de Santo
Agostinho:
“Tem piedade de mim, Senhor. Eis-me aqui, não escondo as minhas
feridas. Tu és o médico, eu sou o doente; Tu és misericordioso, eu mísero… Toda a
minha esperança está na tua grande misericórdia”.
Entre os muitos fiéis presentes
neste domingo na Praça de São Pedro, não faltavam alguns peregrinos de língua portuguesa,
nomeadamente brasileiros. Bento XVI dirigiu-lhes uma saudação particular:
“Saúdo
agora os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os Brasileiros da Paróquia
Imaculada Conceição da Diocese de São João da Boa Vista, e todos aqueles que estão
unidos a nós através desta oração à Virgem Maria. Que a vossa fé seja humilde e firme,
e vossa misericórdia com todos seja conforme o coração de Cristo, nossa paz. A todos
dou de coração a minha Bênção Apostólica.”