BENTO XVI NO ANGELUS DOMINICAL: A VERDADEIRA RELIGIÃO CONSISTE NO AMOR A DEUS
E AO PRÓXIMO
Cidade do Vaticano, 08 jun (RV) - É o amor a Deus que dá valor ao culto e à
prática dos preceitos: foi a reflexão feita por Bento XVI aos numerosos fiéis, peregrinos
e turistas presentes ao meio-dia na Praça São Pedro para o Angelus dominical,
não obstante a chuva insistente.
O papa, partindo da vocação do publicano Mateus,
recordou que Jesus não veio chamar os justos, mas os pecadores. Em seguida, o pontífice
desenvolveu seu pensamento sobre a misericórdia de Deus.
Bento XVI citou uma
expressão do profeta Oséias (6, 6), no centro da liturgia dominical, para reiterar
qual é o coração da mensagem cristã: "É o amor que eu quero e não sacrifício, conhecimento
de Deus mais do que os holocaustos".
Essa "palavra-chave" – recordou o pontífice
– Jesus a faz Sua no contexto da vocação de Mateus que, por profissão, era publicano,
ou seja, cobrador de impostos por conta da autoridade imperial romana e, por isso,
considerado pelos judeus um pecador público: "Tendo-o chamando justamente quando
se encontrava sentado na coletoria de impostos – cena muito bem ilustrada numa célebre
pintura de Caravaggio –, Jesus chegou à casa dele (de Mateus) com os discípulos e
se colocou à mesa com outros publicanos. E respondeu aos fariseus escandalizados:
'Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes... Eu não vim
chamar justos, mas pecadores'."
Jesus, prosseguiu o papa, repete a expressão
do profeta Oséias a propósito da observância do sábado, "revelando-se como Senhor
das próprias instituições legais". Dirigindo-se aos fariseus, afirma: "Ide, pois,
e aprendei o que significa: Misericórdia é que eu quero, e não sacrifício. Com efeito,
eu não vim chamar justos, mas pecadores" (Mt 9, 13).
"Portanto, nesse oráculo
de Oséias, Jesus, Verbo feito homem, por assim dizer se 'encontrou' plenamente; o
fez Seu com todo o Seu coração e o realizou com o Seu comportamento, à custa até mesmo
de incomodar a suscetibilidade dos chefes de Seu povo. Essa palavra de Deus chegou
até nós, mediante os Evangelhos, como uma das sínteses de toda a mensagem cristã:
a verdadeira religião consiste no amor a Deus e ao próximo. É isso que dá valor ao
culto e à prática dos preceitos."
Em seguida, o papa invocou a intercessão
da Virgem Maria, a fim de que suscite em nós "sentimentos de filial abandono a Deus,
que é infinita misericórdia". E nos ajude a fazer nossa uma oração que Santo Agostinho
formula numa passagem de suas Confissões:
"Tende piedade de mim, Senhor! Eis
que não escondo as minhas feridas. Vós sois o médico, eu o enfermo; vós sois misericordioso,
eu mísero... Toda minha esperança está depositada em vossa grande misericórdia."
"Que
Deus misericordioso nos preserve da morte repentina", disse o papa aos peregrinos
de língua polonesa, referindo-se aos mineradores que perderam a vida numa catástrofe
na mineira Borynia quarta-feira passada, na Polônia.
Ainda em sua saudação
aos presentes na oração mariana do Angelus, eis o que disse o Santo Padre aos
de língua portuguesa: "Saúdo agora os peregrinos de língua portuguesa, especialmente
os Brasileiros da Paróquia Imaculada Conceição da Diocese de São João da Boa Vista,
e todos aqueles que estão unidos a nós através desta oração à Virgem Maria. Que a
vossa fé seja humilde e firme, e vossa misericórdia com todos seja conforme o coração
de Cristo, nossa paz. A todos dou de coração a minha Bênção apostólica". (RL/BF)