2008-06-07 12:33:53

A 10 anos da Encíclica "Fides et ratio", Bento XVI sublinha importância de uma reflexão filosófica que não seja um estéril exercício intelectual. A fé cristã chamada a assumir esta responsabilidade


(7/6/2008) Há que prosseguir confiadamente a investigação filosófica, investindo energias intelectuais e nela envolvendo as novas gerações: esta a advertência e a exortação de Bento XVI, recebendo neste sábado em audiência os participantes no VI Simpósio europeu de Docentes universitários, que teve lugar em Roma sobre o tema “Alargar os horizontes da racionalidade. Perspectivas para a Filosofia”, no décimo aniversário da Encíclica “Fides et Ratio”, de João Paulo II.

Sublinhando a “urgência de relançar nas Universidades (e nas Escolas em geral) o estudo da Filosofia”, Bento XVI observou que este estudo tem o seu lugar no actual “cenário histórico e cultural”. “A crise da modernidade não é sinónimo de declínio da filosofia” - sublinhou. “A filosofia deve empenhar-se num novo percurso de investigação para compreender a verdadeira natureza dessa crise e identificar novas perspectivas”.

“Bem compreendida, a modernidade revela uma questão antropológica que se apresenta de um modo muito mais complexo e articulado do que o que acontecia nas reflexões filosóficas dos últimos séculos, sobretudo na Europa. Sem diminuir as tentativas realizadas, muito permanece ainda para indagar e compreender.
A modernidade não é um simples fenómeno cultural, historicamente datado. É uma realidade que implica uma nova projectualidade, uma compreensão mais exacta da natureza do homem.”

O Papa adverte nos escritos de importantes pensadores contemporâneos uma reflexão honesta sobre as dificuldades que se contrapõem à resolução desta prolongada crise. “A abertura de crédito que esses autores propõem em relação às religiões e, em particular, ao cristianismo, é um sinal evidente do desejo sincero de fazer sair da auto-suficiência a reflexão filosófica”.
Como escreveu na Encíclica “Spe salvi”, Bento XVI sublinha que “o cristianismo não é apenas uma mensagem informativa, mas performativa”. Como quem diz: não se pode encerrar a fé cristã no mundo abstracto das teorias; há que a situar numa experiência história concreta que atinja o homem na mais profunda verdade da sua existência”.

“A proposta de alargar os horizontes da racionalidade não deve ser simplesmente incluída entre as novas linhas de pensamento teológico e filosófico, mas há que ser compreendida como o pedido de uma nova abertura em direcção à realidade a que está chamada a pessoa humana na sua uni-totalidade, superando velhos preconceitos e reducionismos para abrir-se assim o caminho em direcção a uma autêntica compreensão da modernidade.
Bento XVI considera que não se pode descurar o desejo de uma humanidade plena; aguardam-se propostas adequadas. E “a fé cristã está chamada a assumir esta urgência histórica, envolvendo nesta empresa todos os homens de boa vontade”:

“O novo diálogo entre fé e razão que hoje se requer não pode ter lugar nos termos e modos do passado. Não se pode reduzir a um estéril exercício intelectual. Deve partir da actual situação concreta do homem, desenvolvendo sobre ela uma reflexão que recolha a verdade ontológica-metafísica do mesmo ”.








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