Bispos de Moçambique preocupados com «barbárie» xenófoba na África do Sul
(4/6/2008) A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) manifestou a sua «extrema
preocupação» face à «barbárie» contra os estrangeiros na África do Sul e atribuiu
à frustração dos sul-africanos a causa da violência. Numa mensagem que acaba
de ser divulgada, os bispos católicos de Moçambique referem ainda que «na sequência
dos actos de barbárie e intolerância» registados na África do Sul, «mais de 40 moçambicanos
foram gratuitamente linchados até à morte», o dobro das vítimas apontadas pelas autoridades
moçambicanas no seu último balanço oficial. Na nota, os bispos deploram o regresso
inesperado de «mais de 30 mil» moçambicanos que tinham «ido trabalhar [para a África
do Sul] em busca de melhores condições de vida para si e seus familiares», muitos
dos quais foram «despojados dos seus haveres». A onda de xenofobia na África do
Sul começou no dia 12 de Maio e já provocou mais de 60 mortos, 650 feridos, a saída
forçada de mais de 40 mil estrangeiros e a deslocação para centros de refugiados internos
de mais de 50 mil pessoas. Para os bispos católicos moçambicanos, as causas da
fúria dos cidadãos sul-africanos contra os imigrantes são a «degradação da condição
social, distribuição desigual da riqueza e a exploração da mão-de-obra barata estrangeira
em detrimento de trabalho e salários justos reivindicados pelos sul-africanos». «Por
outro lado, a riqueza gerada na África do Sul, que não é pequena, parece estar longe
de ser distribuída equitativamente por todos. A vida melhor sonhada pelo povo sul-africano,
com o fim do apartheid, não está sendo uma realidade», observa o prelado católico
moçambicano. A CEM faz um apelo ao Governo sul-africano no sentido de «compensar
todos aqueles que perderam os seus bens nesta onda de xenofobia e que, deste modo,
viram o seu futuro e o das suas famílias seriamente comprometido». A exortação
dos bispos católicos de Moçambique é igualmente estendida a todos os povos da África
Austral, «para que se neutralizem os extremismos, uma vez que com esse tipo de manifestações
todos sairão a perder». Ao Governo moçambicano, a Conferência Episcopal pede que
dialogue com as autoridades sul-africanas, para encontrarem formas de desencorajar
a violência contra imigrantes. A população moçambicana em geral é também evocada
na mensagem episcopal, onde