2008-06-03 12:47:47

Tomar "medidas corajosas" para resolver o problema da fome e da má nutrição: o Papa em mensagem dirigida à Conferência da FAO inaugurada terça de manhã em Roma


(3/6/2008) “Pobreza e má nutrição não são uma fatalidade provocada por situações ambientais adversas ou por calamidades naturais desastrosas”: recorda Bento XVI na mensagem dirigida à Conferência internacional da FAO (organismo da ONU para a Alimentação e a Agricultura), sobre “a segurança alimentar: os desafios da mudança climática e das bioenergias”. O texto foi lido pelo cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado da Santa Sé.
“Novas insídias ameaçam a sobrevivência de milhões de homens e mulheres e põem em risco a segurança dos respectivos países” – advertiu o Papa. “Há que reafirmar vigorosamente que são inaceitáveis a fome e a má nutrição num mundo que, na realidade, dispõe de níveis de produção, de recursos e de conhecimentos suficientes para pôr termo a tais dramas e às suas consequências. O grande desafio de hoje é o de globalizar não só os interesses económicos e comerciais, mas também as expectativas de solidariedade, respeitando e valorizando a aportação de cada componente humana”. Bento XVI convida pois os governos das nações a “colaborar de maneira cada vez mais transparente com as organizações da sociedade civil empenhadas em reduzir ou mesmo eliminar o crescente abismo entre riqueza e pobreza”.
“Aliás as considerações de carácter exclusivamente técnico e económico não devem prevalecer sobre os deveres de justiçados que passam fome. O direito à alimentação corresponde principalmente a um motivação ética - dar de comer a quem tem fome – que leva a partilhar os bens materiais como sinal do amor de que todos tanto temos necessidade. Este direito primário à alimentação está intrinsecamente vinculado à tutela e defesa da vida humana, rocha firme e inviolável sobre a qual assenta todo o edifício dos direitos humanos”.
Há pois que “elaborar novas estratégias de luta à pobreza e de promoção do desenvolvimento rural. Tal deve acontecer também através de reformas estruturais que permitam enfrentar os desafios da própria segurança (alimentar) e das transformações climáticas”. Além de, por outro lado, “incrementar a disponibilidade dos alimentos valorizando as iniciativas e o empenho dos pequenos agricultores e garantindo-lhes o acesso ao mercado”.
“O aumento global da produção agrícola só poderá ser eficaz se for acompanhado por uma efectiva distribuição dessa produção e se essa for primariamente destinada à satisfação das necessidades essenciais. Trata-se de um caminho que não é fácil, mas que permitiria nomeadamente redescobrir o valor da família rural, que não se limita a preservar a transmissão – de pais a filhos – dos sistemas de cultivação, de conservação e distribuição dos alimentos, mas é sobretudo um modelo de vida, de educação, de cultura, de religiosidade”.
Aliás, observa ainda a Mensagem do Papa à Conferência da FAO, “do ponto de vista económico, (a família rural) assegura uma atenção eficaz e amorosa aos mais débeis e, em razão do princípio de subsidiariedade, pode assumir um papel directo na cadeia de distribuição e de comercialização dos produtos agrícolas destinados à alimentação”.
A concluir, Bento XVI recorda uma vez mais que “só a tutela da pessoa consente combater a causa principal da fome, isto é, que o ser humano se feche aos seus semelhantes, pondo de lado um comportamento de solidariedade, para justificar modelos de vida consumistas que desagregam o tecido social, acentuando o sulco de injustos equilíbrios e descurando as exigências do bem comum”.










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