Genebra, 03 jun (RV) - O arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente da
Santa Sé na sede das Nações Unidas em Genebra, qualificou a aprovação, em 30 de maio
último, em Dublin, do acordo internacional para a supressão das bombas de fragmantação
como “um passo enorme” que “abre um novo capítulo no direito humanitário”.
Em
uma entrevista concedida à Rádio Vaticano, Dom Tomasi afirmou que a delegação da Santa
Sé “teve um papel chave” neste acordo. O Tratado que prevê a abolição das bombas de
fragmentação foi concordado durante a Conferência Diplomática realizada na semana
passado em Dublin por 109 governos de todo o mundo e será ratificado oficialmente
em Oslo nos próximos dias 2 e 3 de dezembro. O acordo entrará em vigor nesta data,
após ser assinado pelos primeiros 30 países, e prevê o fim deste tipo de bombas nos
próximos 8 anos.
A Santa Sé participou da Convenção através de uma delegação
liderada por Dom Tomasi e na qual estavam presentes Antoine Abi-Ghanem, adjunto na
Missão da Santa Sé em Genebra; Paolo Conversi, da Secretaria de Estado, e Tommaso
Di Ruzza, do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.
Segundo explicou Dom
Tomasi, “a comunidade internacional é bastante consciente sobre acabar com a crueldade
deste tipo de bomba, que recai indiscriminadamente sobre a população civil”.
O
fator mais importante do acordo alcançado é, segundo o prelado, que “torna ilegais
todas as bombas cluster que foram utilizadas até agora nas diversas guerras, e também
condiciona o transporte, a construção de novas bombas e também as novas tecnologias
que possam adaptar-se a estes explosivos”.
Para obter este resultado, Dom Tomasi
afirma que o papel desempenhado pela Delegação da Santa Sé foi chave, ao atuar “de
ponte entre os diversos grupos e instituições de Estados, levando a uma convicção
positiva sobre um documento, um instrumento que seja, como disse o Papa, forte e crível.
E assim foi exatamente”. Contudo, o fato de que países como Estados Unidos, Israel,
Rússia, China, Índia e Paquistão, que fabricam e utilizam este tipo de arma, estavam
ausentes da Convenção, mostra, - segundo o prelado -, que “o caminho para completar
o trabalho é ainda longo”.
Apesar disso, Dom Tomasi explicou que essas bombas
terem sido declaradas ilegais do ponto de vista do Direito Internacional fará que
esta pressão e esta vontade clara da comunidade internacional tenham um peso nas decisões
e considerações dos países que não estavam presentes.
As bombas de fragmentação,
segundo explicou em uma entrevista recente Dom Silvano Tomasi no diário vaticano L’Osservatore
Romano, “são a causa de graves problemas humanitários, porque caem indiscriminadamente
tanto sobre os combatentes como sobre os civis”, e também porque “podem permanecer
intactas no terreno e só explodir depois de muitos anos”. (SP)