(28(5/2008) A Comissão Episcopal francesa para a Doutrina da Fé publicou, em Paris,
uma nota sobre o diálogo entre cristãos e muçulmanos. O documento aponta as diferenças
teológicas no modo de abordar o tema Deus no mundo cristão e no mundo muçulmano, ressaltando
o modo diverso com que as duas religiões falam de Deus. “O Islão insiste fortemente
na unicidade de Deus e não aceita a revelação do cristianismo que se baseia no facto
que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. A noção de Trindade não é compreendida e é
rejeitada em nome da rejeição do politeísmo”. O documento especifica ainda que
para o Islão não se pode ter a Encarnação. “Seria um atentado à transcendência de
Deus”. O Islão desconhece qualquer mediação e rejeita o que parece ser um obstáculo
entre Deus e os homens, enquanto para o Cristianismo a salvação é dada mediante Cristo,
o único mediador entre Deus e os homens. Para o Islão, tal como para o cristianismo,
Deus fala aos homens e existem duas Escrituras sagradas. Mas as concepções da revelação
são muito diferentes: o Corão é fruto de um ditado de Deus a Maomé. Ao invés, para
os cristãos “foi Deus que inspirou os autores bíblicos que redigiram os livros da
Bíblia, servindo-se das palavras e das formas literárias do seu tempo”. O documento
aponta ainda que “para os muçulmanos, as afirmações do Corão têm a autoridade da Palavra
de Deus. Deste modo, o diálogo dogmático torna-se bastante difícil sobre questões
essenciais”. Sem ignorar estas diferenças fundamentais “é necessário observar
que o diálogo é possível sobre outros campos da fé, como as orações, a vida moral,
a criação, o sentido do homem”, aponta o documento.