"DEUS É A VERDADEIRA FONTE DE ESPERANÇA E DE PAZ": CATEQUESE DO PAPA DEDICADA A SÃO GREGÓRIO MAGNO

Cidade do Vaticano, 28 mai (RV) - Quarta-feira é dia de Audiência Geral, o encontro do papa com fiéis e peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça São Pedro. Na catequese de hoje, Bento XVI falou de São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja.

São Gregório foi bispo de Roma entre os anos 590 e 604. "Um homem imerso em Deus e próximo às pessoas de seu tempo, que falava do desejo de Deus, sempre vivo no fundo de sua alma", ressaltou Bento XVI, que propôs São Gregório Magno como exemplo para os dias de hoje:

"Ele realmente, num tempo desastroso, aliás, desesperado, soube criar paz e dar esperança. Assim, este homem de Deus demonstra onde estão as verdadeiras fontes da paz e de onde vem a verdadeira esperança; e serve de orientação e exemplo para nós, em nosso tempo de hoje."

São Gregório nasceu em 504, numa família da aristocracia tradicional romana. Aos 30 anos, foi nomeado pretor de Roma, cargo que naqueles tempos era equivalente a governador da cidade. Mas a carreira política durou pouco, tendo ele decidido se retirar e se dedicar à vida monacal e ao estudo da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja.

Por sua experiência e qualidades, o Papa Pelágio II o nomeou diácono e o enviou como embaixador a Constantinopla, para enfrentar os últimos resquícios do monofisismo e obter o apoio do imperador a fim de conter a pressão dos longobardos, o povo germânico que invadiu, colonizou e formou um reino no vale do rio Pó, na Itália.

Posteriormente, o pontífice o convocou a Roma e o nomeou como seu secretário. Quando o Papa Pelágio II faleceu, Gregório o substituiu na Sé de Pedro.

"Desde o início, São Gregório revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual deveria se confrontar; uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar questões tanto eclesiásticas quanto civis; um constante equilíbrio nas decisões corajosas."

Seu pontificado deixou uma rica documentação: o célebre Registro de suas cartas. O maior problema na Itália e em Roma, naquela época, era a questão dos longobardos e São Gregório interveio como verdadeiro pacificador:

"Diversamente do imperador bizantino que pensava que os longobardos fossem pessoas rudes e predadores que deveriam ser combatidas ou exterminadas, São Gregório via esse povo com olhos de bom pastor, preocupado em anunciar-lhes a palavra de salvação e estabelecer com eles uma relação fraterna".

O Papa Gregório fez um acordo com o rei longobardo Agilulfo, que levou a um estável armistício. Um resultado positivo graças aos contatos que o pontífice estabeleceu com a rainha católica alemã Teodolina.

Além da atitude diplomática em prol da paz e da ação evangelizadora entre os longobardos, São Gregório realizou uma intensa atividade pastoral e um amplo trabalho de assistência social: socorreu os necessitados, ajudou os religiosos indigentes e pagou os resgates dos cidadãos prisioneiros dos longobardos.

Não obstante a saúde precária, a santidade de sua vida e a riqueza de sua humanidade lhe valeram a confiança de seu rebanho, junto ao qual possuía notável autoridade moral.

"Desempenhou tanto em Roma quanto em outras cidades da Itália um trabalho de reorganização administrativa, dando instruções a fim que os bens da Igreja, úteis à sua subsistência e à sua obra evangelizadora no mundo, fossem geridas com absoluta retidão e segundo as regras da justiça e da misericórdia."

Ao final da Audiência Geral, Bento XVI saudou em várias línguas diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro. Entre os quais, os de língua portuguesa: Amados Irmãos e Irmãs. Saúdo cordialmente aqueles que me escutam de língua portuguesa, desejando-lhes todo o bem no Senhor. Em particular saúdo o numeroso grupo de peregrinos provindos de diversas partes do Brasil. Faço votos de que a visita à cidade, onde foram martirizados os Apóstolos São Pedro e São Paulo, reavive a fé em Cristo Jesus, que por amor nos redimiu e nos chamou filhos de Deus, para que vivamos na justiça e na paz. A todos de coração dou a minha Bênção, que faço extensiva aos vossos familiares e amigos. (CM/MJ/BF)