Vaticano contrário á criação de um enclave étnico-religioso em Níneve, no Iraque
(21/5/2008) O Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo
Sandri, criticou duramente a ideia de se criar um enclave cristão em Nínive, no Iraque,
alertando para o risco de se enviar a comunidade cristã para um "gueto". Presentes
no território desde o século II, os cristãos são agora alvo dos extremistas islâmicos,
optando em muitos casos por fugir do Iraque. Sectores do governo local e os próprios
EUA defendem a criação de uma área de protecção nas planícies de Nínive, a norte do
Iraque, para defender os territórios históricos do povo assírio-caldeu e dar abrigo
aos cristãos perseguidos. Os líderes católicos do Iraque opõem-se à criação de
um enclave étnico-religioso em Nínive, afirmando que nunca foi nacionalista ou étnica.
Estes cristãos representam umas das mais antigas comunidades do Oriente, remontando
ao século II. Em entrevista à revista italiana «30 Giorni», o Cardeal Sandri,
responsável da Santa Sé que acompanha mais de perto estas comunidades considera que
“não me parece uma ideia feliz criar um gueto para os cristãos, o que além de tudo
não garantiria sua segurança", D. Sandri lembrou ainda os esforços do Papa João
Paulo II para impedir a guerra no Iraque em 2003, "gritando o seu 'não' à guerra que
estava para ser desencadeada". "Não foi escutado, infelizmente. Os governantes decidiram
outra coisa, com boa fé, quero acreditar; admitindo que possa existir uma guerra de
boa fé", prosseguiu. Noutro âmbito, o mesmo responsável referiu em Paris que “os
cristãos iraquianos que procuram asilo no Ocidente não deveriam receber tratamento
especial baseado na religião”, frisando que “a concessão de asilo político deve ser
baseada em reais necessidades e não por se tratar de cristãos ou muçulmanos".