CARDEAL MARTINO: REFORÇAR NO MUNDO CLIMA DE DIÁLOGO E COOPERAÇÃO
Ancona, 21 mai (RV) - O Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz,
cardeal Renato Raffaele Martino, visitou hoje a Universidade Politécnica das Marcas,
em Ancona, onde manifestou a esperança de que se restabeleça e se fortaleça no mundo
contemporâneo um clima de diálogo e de cooperação.
As diversidades sociais,
econômicas e políticas, assim como as marcadas diferenças culturais e religiosas não
devem ser um obstáculo à compreensão recíproca e à cooperação factual entre os povos
e as nações do mundo, disse o Cardeal Martino.
Dirigindo-se ao corpo acadêmico,
aos estudantes e às numerosas personalidades civis e religiosas, o purpurado lembrou
que a Igreja reconhece em todas as culturas sementes de verdade e valores autenticamente
humanos e humanizantes; aprecia e favorece com todos os seus meios um diálogo frutuoso
com elas para melhor servir o bem integral de todos os homens, o que para a Igreja
é um dever e um desafio a que não pode renunciar.
Citando o Compêndio da Doutrina
Social da Igreja, o Cardeal Martino ressaltou que o diálogo deve favorecer a dignidade
integral da pessoa humana e que a vida social é um campo particularmente propício
para entabular este diálogo, especialmente quando os desafios com os quais nos deparamos
se manifestam com a face terrificante do terrorismo.
Mas o diálogo não basta:
dele se deve passar à cooperação, que é o instrumento de que dispõem as relações internacionais
para garantir uma compreensão solidária e uma unidade de ação concreta entre os Estados,
as relações interestatais e as ONGs. Para chegar a isto – destacou o Presidente de
Justiça e Paz, no seu discurso à Universidade Politécnica das Marcas – é necessário
preencher o desnível provocado pelos diversos graus de desenvolvimento, quer em campo
econômico, quer no plano da força política e da capacidade dos Estados de participar
nas relações internacionais como protagonistas.
O purpurado insistiu na idéia
de que a cooperação ao desenvolvimento de todo o homem e de todo homem é
um dever de todos para com todos e deve ser realizada em todas as partes do mundo
porque, do contrário, não pode acontecer senão à custa das outras. Deve ser concebida
em sentido integralmente humano, ou seja, não deve limitar-se ao campo econômico,
mas abranger também a dimensão espiritual, com respeito a todos os direitos fundamentais
da pessoa e, entre estes, especialmente aos direitos inerentes à consciência humana.
O
Cardeal Martino fez votos de que haja um concerto mundial para o desenvolvimento,
capaz de superar toda posição de prepotência e de sujeição; ressaltou que a cooperação
internacional, pensada como semente de paz, não pode reduzir-se à ajuda e à assistência,
quem sabe visando vantagens de retorno pelos recursos colocados à disposição, mas
deve exprimir um compromisso concreto e tangível de solidariedade, capaz de tornar
os pobres protagonistas do seu desenvolvimento, e permitir que o maior número possível
de pessoas exerça, nas circunstâncias concretas em que vivem, a criatividade típica
do ser humano, da qual depende a verdadeira riqueza das nações. (PL)