Xenofobia em Joanesburgo, numa espiral de violência
(20/5/2008) A violência xenófoba fez, no passado fim de semana, pelo menos 22 mortos
em Joanesburgo e nos arredores. A Polícia teve de intervir em manifestações violentas
contra estrangeiros e efectuou mais de 200 detenções. Teme-se que a violência alastre
a outras grandes cidades sul-africanas. Os estrangeiros - muitos dos quais oriundos
de Moçambique ou fugidos do colapso económico e da violência política do Zimbabwe
- são o alvo dos manifestantes. Várias famílias de emigrantes foram alojadas em esquadras
de polícia, depois das suas casas precárias terem sido destruídas. Os imigrantes
são muitas vezes acusados de usurpar os empregos, num país em que quatro em cada dez
pessoas estão no desemprego e onde a miséria atinge 43% de uma população confrontada
com um nível de criminalidade recorde: cerca de 50 mortes por dia. Joanesburgo,
capital financeira e a maior cidade da primeira potência económica de África, não
pára de atrair migrantes de todo o continente desde a corrida ao ouro, no século XIX.
Imigrantes do Zimbabwe, mas também Moçambique, Nigéria, Malawi e Congo provocaram
uma explosão demográfica, numa altura em que o Governo luta para cumprir as promessas
de melhores condições de vida e habitação decente para todos. Mas se os imigrante
são o alvo privilegiado dos ataques, os sul-africanos também foram apanhados na espiral
de violência. Nos bairros pobres, a polícia é muitas vezes recebida com pedras.