NÚNCIO DA SANTA SÉ NA ONU: MERCADO JUSTO PARA COMBATER CRISE ALIMENTAR
Nova York, 17 mai (RV) - O observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino
Migliore, fez um pronunciamento nesta sexta-feira no Conselho Econômico e Social das
Nações Unidas no qual abordou a crise alimentar e indicou a meta norteadora de ir
ao encontro das necessidades reais das pessoas e de evitar um diálogo limitado a lógicas
ambientais e econômicas guiadas por egoísmos e ideologias.
Dom Celestino Migliore
recomendou a olhar não só para quem consome no mundo, mas para quem e para onde se
produz alimento. O núncio convida a refletir sobre os mecanismos que impedem um desenvolvimento
sustentável real. Ele lembra que 70% dos pobres do mundo vivem em zonas rurais onde
persiste a desnutrição.
"Mais investimentos aos pequenos cultivadores dessas
áreas rurais poderiam ajudá-los a melhorar a produção de modo sustentável, com a conseqüência
positiva de fazer frente à fome crônica e à desnutrição em certas regiões", recomenda.
"As
políticas agrícolas, afirma D. Migliore, precisam redescobrir o caminho da razão e
da realidade para encontrar o equilíbrio entre a necessidade de produzir alimento
e a necessidade de ser bons guardiões da terra."
É fundamental investir
a médio e longo prazos em programas agrícolas com lógicas de desenvolvimento sustentável
em nível local e internacional: "Esses investimentos devem ser feitos de modo a agir
sobre os preços dos recursos alimentares, como também sobre os mecanismos de distribuição
e de produção do alimento no mundo, especialmente na África. É necessário continuar
a apoiar os programas que permitem aos cultivadores produzir em nível local, fazendo
também esforços maiores para limitar os aspectos negativos das mudanças ambientais
e das realidades financeiras".
Em definitiva, o objetivo é ir ao encontro
das necessidades fundamentais das pessoas e evitar reduzir o diálogo a termos econômicos
ou ambientais extremos, guiados por egoísmos e ideologias. Dom Migliore fala de "responsabilidade
precisa" da ONU e dos seus organismos, ressaltando que se trata de uma questão de
credibilidade, e convidando a fornecer respostas adequadas à crise.
Depois
de falar da crise atual de alimentos, o representante da Santa Sé alude a outros desafios
persistentes, como as mudanças climáticas, os subsídios à agricultura, o mercado justo
e a degradação ambiental; ele manifestou, por fim, o seu pesar e solidariedade a todas
as pessoas atingidas pela tragédia do ciclone Nargis em Mianmar e do terremoto na
China. (PL)