2008-05-17 20:00:34

NÚNCIO DA SANTA SÉ NA ONU: MERCADO JUSTO PARA COMBATER CRISE ALIMENTAR


Nova York, 17 mai (RV) - O observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino Migliore, fez um pronunciamento nesta sexta-feira no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas no qual abordou a crise alimentar e indicou a meta norteadora de ir ao encontro das necessidades reais das pessoas e de evitar um diálogo limitado a lógicas ambientais e econômicas guiadas por egoísmos e ideologias.

Dom Celestino Migliore recomendou a olhar não só para quem consome no mundo, mas para quem e para onde se produz alimento. O núncio convida a refletir sobre os mecanismos que impedem um desenvolvimento sustentável real. Ele lembra que 70% dos pobres do mundo vivem em zonas rurais onde persiste a desnutrição.

"Mais investimentos aos pequenos cultivadores dessas áreas rurais poderiam ajudá-los a melhorar a produção de modo sustentável, com a conseqüência positiva de fazer frente à fome crônica e à desnutrição em certas regiões", recomenda.

"As políticas agrícolas, afirma D. Migliore, precisam redescobrir o caminho da razão e da realidade para encontrar o equilíbrio entre a necessidade de produzir alimento e a necessidade de ser bons guardiões da terra."

É fundamental investir a médio e longo prazos em programas agrícolas com lógicas de desenvolvimento sustentável em nível local e internacional: "Esses investimentos devem ser feitos de modo a agir sobre os preços dos recursos alimentares, como também sobre os mecanismos de distribuição e de produção do alimento no mundo, especialmente na África. É necessário continuar a apoiar os programas que permitem aos cultivadores produzir em nível local, fazendo também esforços maiores para limitar os aspectos negativos das mudanças ambientais e das realidades financeiras".

Em definitiva, o objetivo é ir ao encontro das necessidades fundamentais das pessoas e evitar reduzir o diálogo a termos econômicos ou ambientais extremos, guiados por egoísmos e ideologias. Dom Migliore fala de "responsabilidade precisa" da ONU e dos seus organismos, ressaltando que se trata de uma questão de credibilidade, e convidando a fornecer respostas adequadas à crise.

Depois de falar da crise atual de alimentos, o representante da Santa Sé alude a outros desafios persistentes, como as mudanças climáticas, os subsídios à agricultura, o mercado justo e a degradação ambiental; ele manifestou, por fim, o seu pesar e solidariedade a todas as pessoas atingidas pela tragédia do ciclone Nargis em Mianmar e do terremoto na China. (PL)







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