BISPOS ITALIANOS CRITICAM 'EXTREMISMOS' CONTRA ESTRANGEIROS
Roma, 17 mai (RV) - Em meio à crise causada por ataques a vários acampamentos
ciganos no país, a cúpula da Igreja Católica italiana se manifestou ontem, afirmando
que "é necessário interromper os extremismos" contra os imigrantes.
"É preciso
neutralizar os extremismos, que não podem ditar leis a ninguém nem ser considerados
a realidade total de um povo", declarou o presidente da Conferência Episcopal, Cardeal
Angelo Bagnasco, em entrevista ao jornal "La Repubblica".
O arcebispo de Gênova
expressou a solidariedade da Igreja para com todas as pessoas que sofrem violência
gratuita e incontrolável e defendeu que devem ser criadas condições de amparo e dignidade
para todos os imigrantes que respeitam as leis e se comprometem com uma integração
real.
Segundo Dom Bagnasco, os casos de violência relativos à imigração ressaltam
que a sociedade sofre de uma forma crônica de individualismo, que não tolera o que
é diferente.
Por sua vez, em declarações ao jornal milanês "Corriere della
Sera", o arcebispo de Turim, Cardeal Severino Poletto, afirma que "se não vigiarmos
profundamente nosso pensamento, podemos ter atitudes racistas sem perceber".
Para
Dom Poletto, a remoção dos acampamentos de nômades não resolve o problema. "É preciso
unir diálogo e segurança, legalidade e educação, justiça e caridade. Não acho que
mandar as escavadeiras retirarem tudo seja a solução", declarou.
Na última
quinta-feira, o arcebispo de Nápoles, Cardeal Crescenzio Sepe, condenou a violência
contra os ciganos registrada em vários assentamentos napolitanos, incendiados após
incidentes entre seus moradores e os residentes da área.
Diante desses casos,
ciganos de assentamentos de Roma organizaram rondas noturnas, temendo sofrer mesmo
o tipo de agressão. (CM/BF)