GOVERNO ESPANHOL RETIRA SUBVENÇÕES À IGREJA CATÓLICA
Madri, 16 mai (RV) - Depois que a Igreja católica se opôs ao casamento homossexual
e chegou a pedir votos para a oposição nas últimas eleições, o governo da Espanha
decidiu retirar a ajuda financeira oficial à Igreja Católica no país. Conseqüentemente,
a Igreja está promovendo uma campanha publicitária em que pede dinheiro aos fiéis.
A Igreja espanhola era a única da Europa financiada com verba do governo,
segundo dados do Parlamento Europeu. O governo concedia por mês 11,7 milhões de euros,
pouco mais de 141 milhões de euros anuais. Mas o governo do primeiro-ministro José
Luis Rodríguez Zapatero decidiu cortar o orçamento, considerando-o ‘excessivo’.
O
novo sistema de financiamento depende só dos fiéis. Na declaração de renda, os católicos
têm a opção de marcar uma lacuna em que pedem que 0,7% dos seus impostos sejam doados
à Igreja Católica. Assim sendo, a Conferência Episcopal da Espanha lançou a campanha
pedindo fundos.
A cúpula da Igreja espanhola é uma das maiores críticas das
políticas liberais do governo Zapatero. Em um recado lançado no fim do ano passado,
os bispos e cardeais católicos lideraram uma manifestação em Madri, na qual afirmaram
que a democracia espanhola corre o risco de se dissolver por causa da “cultura do
laicismo radical”.
A campanha é intitulada "Por tantos, programa para a sustentação
econômica da Igreja", e nela, o clero explica as necessidades e os compromissos sociais
e humanitários da instituição, principalmente fora das missas.
Outra novidade
é que partir de agora, o Estado também passará a cobrar impostos que o clero jamais
pagou, como o Imposto de Transmissões Patrimoniais e de Sucessões e Doações, que incide
sobre cada bem móvel ou imóvel negociado em nome da Igreja.
A Conferência
Episcopal deverá sustentar também a manutenção de catedrais, mosteiros e imóveis de
patrimônio artístico e cultural próprios - um custo estimado em 125 milhões de euros
por ano.
De acordo com o vice-secretário para assuntos econômicos da Conferência
Episcopal Espanhola, Fernando Giménez Barriocanal, “a contribuição da Igreja à sociedade
é evidente. A demanda de serviços religiosos é altíssima: mais de 7 milhões de católicos
vão às missas cada domingo na Espanha e atendemos a mais de 2,4 milhões de pessoas
em centros sociais como asilos, ambulatórios, orfanatos, centros de reabilitação ou
albergues para pessoas sem-teto”. (CM)