A fé que não é fuga das próprias responsabilidades ou um estéril dobrar-se sobre si
mesmo é fonte de luz e de força interior, que anima e permite afrontar corajosamente
os problemas e os desafios da vida.
(14/5/2008) Foi no que considerou uma realidade marcada pela "perda do sentido dos
valores e a desorientação das consciências" que o cardeal José Saraiva Martins se
dirigiu, aos milhares de peregrinos que enchiam o recinto do Santuário de Fátima ,
na Peregrinação Internacional de Maio. Lembrou-os dos "princípios não negociáveis"
indicados por Nossa Senhora como base de fundação de uma correcta convivência civil
e cristã. Entre eles, sublinhou, ocupa lugar de destaque o matrimónio, "como união
estável e fiel de um homem e de uma mulher, e não de qualquer outro modo". E advertiu
ainda que valores como o bem-estar e o consumismo revelam, cada vez mais, "a sua inconsistência"
e "a radical incapacidade de fazer o Homem feliz".
Na sua homilia, dominada
pela defesa da fé e dos valores da família, o Prefeito da Congregação para a Causa
dos Santos apelou ainda à "caridade concreta" e à "dignidade pessoal, estendida a
todos os momentos e a todas as dimensões da existência". "A fé não é uma fuga
das próprias responsabilidades ou um estéril dobrar-se sobre si mesmo é fonte de luz
e de força interior, que nos anima e nos permite afrontar corajosamente os problemas
e os desafios da vida", defendeu ainda o cardeal D. José Saraiva Martins.
Logo
depois, os peregrinos foram convidados a participar numa campanha de apoio às vítimas
do conflito no Darfur, Sudão. Voluntários, de saco vermelho na mão, percorreram o
recinto, recebendo as dávidas dos fiéis. Às oferendas dos peregrinos - cujo valor
será apurado nos próximos dias -, o Santuário juntará uma dádiva suplementar.
Enquanto
decorria o peditório, uma comitiva de países africanos apresentava, junto ao altar,
a dança 'Tambúla a gana' "Tomai, Senhor, o nosso pão e tudo o que temos". Virgílio
Antunes, reitor indigitado do Santuário de Fátima explicou a importância da causa,
lembrando que, no Darfur, já morreram 200 mil pessoas e mais de 2,5 milhões tiveram
que abandonar as suas terras.
No final, o bispo de Leiria-Fátima, deixou um
apelo à Europa para que partilhe a sua riqueza com África, a "irmã pobre".