2008-05-11 20:21:58

BENTO XVI CELEBRA DIA DE PENTECOSTES E REZA O "REGINA CAELI": APELO PELA PAZ NO LÍBANO


Cidade do Vaticano, 11 mai (RV) - Hoje, domingo de Pentecostes, Bento XVI presidiu a uma solene celebração Eucarística na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Tomaram parte numerosos cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e milhares de fiéis provenientes de vários países. Durante a oração dos fiéis, foram feitas preces em cinco línguas, entre as quais o português e o chinês.

Na homilia, Bento XVI partiu das leituras da liturgia, recordando o grande evento eclesial da vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos no Cenáculo, entre os quais Pedro, João e Tiago, as "colunas" da comunidade nascente, e algumas mulheres, como Maria, Mãe de Jesus. Aqueles que estavam reunidos ali perfaziam um total de cerca de 120 pessoas, múltiplo de "doze", que compunha o Colégio apostólico.

O grupo constituía uma autêntica "assembléia", segundo o modelo da primeira Aliança, a comunidade convocada para escutar a voz do Senhor e caminhar em suas trilhas: "Todos eram assíduos e concordes na oração".

Portanto, disse o papa, a oração era a principal atividade da Igreja nascente, por meio da qual atinge a sua unidade no Senhor e se deixa conduzir por sua Vontade.

No dia de Pentecostes, são ressaltados os elementos do vento e do fogo. Em particular, o fogo assume forma de línguas, que pairavam sobre cada um dos discípulos, que ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas.

O pontífice explicou: "Trata-se de um verdadeiro 'batismo' de fogo da comunidade, uma espécie de nova criação. Em Pentecostes, a Igreja é constituída não por vontade humana, mas pela força do Espírito de Deus. Imediatamente, este Espírito dá vida a uma comunidade que é, ao mesmo tempo, una e universal".

De fato, disse o Bispo de Roma, o Espírito Santo, que cria unidade no amor e na recíproca aceitação das diversidades, pode libertar a humanidade da constante tentação do poder terreno, que tudo quer dominar e uniformizar.

O papa citou Santo Irineu, que havia formulado o seguinte silogismo: "Onde está a Igreja, está o Espírito de Deus; onde está o Espírito de Deus, está a Igreja e toda graça; o Espírito é a verdade; distanciar-se da Igreja é rejeitar o Espírito" e, portanto, "excluir-se da vida".

A partir do evento de Pentecostes manifesta-se, plenamente, a união entre o Espírito de Cristo e o Seu Corpo místico, a Igreja.

O Santo Padre se deteve sobre um aspecto peculiar da ação do Espírito Santo, ou seja, sobre o elo entre multiplicidade e unidade: "No evento de Pentecostes, torna-se claro que pertencem à Igreja multíplices línguas e culturas diferentes, que, na fé, podem ser compreendidas e fecundadas reciprocamente. Lucas transmitiu uma idéia fundamental: no ato de seu nascimento, a Igreja é católica, universal, porque o Evangelho que lhe foi confiado é destinado a todos os povos".

A Igreja, que nasce no dia de Pentecostes, frisou o Bispo de Roma, não é, em primeiro lugar, uma comunidade particular, a Igreja de Jerusalém, mas a Igreja Católica, que fala as línguas de todos os povos.

Dela, depois, nasceram outras comunidades em todas as partes do mundo, Igrejas particulares que partem da única Igreja de Cristo: "A Igreja Católica não é, portanto, uma federação de Igrejas, mas uma única realidade: a prioridade ontológica cabe à Igreja Católica Universal. Nesse sentido, uma comunidade que não se sente católica não pode nem mesmo ser chamada Igreja".

A seguir, Bento XVI acrescentou outro aspecto: o da visão teológica dos Atos dos Apóstolos acerca do caminho da Igreja de Jerusalém a Roma. Entre os povos representados em Jerusalém no dia de Pentecostes, Lucas cita também os "estrangeiros de Roma".

Naquele momento, Roma ainda estava distante, "estrangeira" para a Igreja nascente; ela era símbolo do mundo pagão em geral. Mas a força do Espírito Santo guiou os passos das testemunhas "até os extremos confins da terra", portanto, até Roma.

Os Atos dos Apóstolos se concluem quando São Paulo, mediante um desígnio providencial, chega à capital do império para anunciar o Evangelho.

Assim, o caminho da Palavra de Deus, iniciado em Jerusalém, chega à sua meta, porque Roma representa o mundo inteiro e encarna a idéia de catolicidade, de universalidade. Desse modo, a Igreja Católica, que é o prosseguimento do Povo eleito, realiza a sua história e missão.

Enfim, o Evangelho de João oferece uma palavra que se concilia muito bem com o mistério da Igreja criada pelo Espírito: "Shalom", "paz". Esta expressão não é uma simples saudação, mas é muito mais: o dom da paz prometida e conquistada por Jesus a preço de seu sangue; é fruto de sua vitória na luta contra o espírito do mal.

O papa afirmou: "Nesta festa do Espírito e da Igreja, queremos dar graças a Deus por ter dado a seu Povo, escolhido e formado em meio aos demais povos, o bem inestimável da paz, a sua paz! Ao mesmo tempo, renovemos a tomada de consciência da responsabilidade ligada a esse dom: responsabilidade da Igreja de ser, constitucionalmente, sinal e instrumento da paz de Deus para todos os povos".

Esta foi a mensagem, disse o pontífice, que ele levou pessoalmente à sede da ONU: "A Igreja presta seu serviço à paz de Cristo sobretudo com a sua habitual presença e ação entre os homens, com a pregação do Evangelho e com os sinais de amor e de misericórdia que a acompanham".

Entre tais sinais, finalizou o papa, deve-se ressaltar, principalmente, o Sacramento da Reconciliação, que Cristo ressuscitado instituiu no momento em que transmitiu a seus discípulos a sua Paz e o seu Espírito.

Ao término da Santa Missa, Bento XVI deixou a Basílica vaticana e subiu ao último andar da Residência Apostólica, para rezar a oração pós-pascal do "Regina Caeli", a última deste tempo litúrgico, que se conclui hoje.

Na alocução que precedeu a oração mariana, o Santo Padre recordou a importância do dia de Pentecostes na vida da Igreja e dos cristãos: "Pentecostes é, portanto, de modo especial o dia do batismo da Igreja, que empreende a sua missão universal de testemunhar o amor com a sua prodigiosa pregação nas diversas línguas da humanidade".

Depois da oração do "Regina Caeli", o Santo Padre recordou que segue, com profunda preocupação, a crise no Líbano, onde os combates já provocaram numerosos mortos e feridos.
 Por isso, convidou os libaneses a deixarem de lado toda lógica de contraposição agressiva, que poderia levar o país a uma situação irreparável: "O diálogo, a mútua compreensão e a busca consciente de um compromisso são o único meio para restituir suas instituições ao Líbano e a segurança necessária à população, por uma vida digna e rica de esperança no futuro. Desejo a todos paz e reconciliação!". (MT/BF)







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