IGREJA EM SRI LANKA DENUNCIA RECRUTAMENTO DE CRIANÇAS-SOLDADO
Colombo, 07 mai (RV) - A Igreja católica em Sri Lanka chama a atenção para
o problema das crianças-soldado utilizadas na guerra civil no norte da ilha e indica
como responsáveis pela situação os rebeldes tâmeis e as forças especiais do exército.
Um
relatório da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Jaffna denuncia hoje que entre as
vítimas do conflito muitas são crianças: "A maioria delas é recrutada pelos rebeldes
tâmeis sem que os pais tenham conhecimento, após sofrer ameaças, seqüestros, torturas,
na mais total violação de seus direitos".
Os responsáveis não são somente os
rebeldes, com os seus métodos violentos, mas também as forças de segurança de Colombo,
que contribuem para criar um clima de terror, "buscando com as intimidações silenciar
as reivindicações de iguais direitos da comunidade tâmil".
O documento da referida
Comissão, citado agência AsiaNews, denuncia também a propaganda do governo, segundo
o qual o objetivo das operações militares é somente as bases dos rebeldes tâmeis,
enquanto a mídia noticia continuamente "bombardeios nas proximidades de zonas habitadas,
com perdas também entre os civis".
O relatório lança o alarme sobre o futuro
de uma sociedade "mentalmente doente" por causa dos traumas sofridos pelas novas gerações:
"Muitas crianças contam aos sacerdotes ter medo de participar do funeral de seus coetâneos
assassinados, pois os soldados poderiam associá-las aos rebeldes e pensar que existem
ligações entre eles; muitas delas desapareceram ou morreram por causa dessas 'presumíveis'
relações".
Por fim, a Igreja em Jaffna reitera a necessidade de que o governo
"dê o primeiro passo" para declarar a área do santuário mariano de Madhu como "zona
de exclusão de guerra" e lugar de refúgio para os numerosos deslocados da região.
(RL/BF)