“Ano Paulino, uma proposta pastoral”: documento da conferencia episcopal portuguesa.
A dificuldade em anunciar Jesus Cristo a uma sociedade cada vez mais secularizada”.
(6/5/2008) A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) acaba de publicar uma nota pastoral
intitulada “Ano Paulino, uma proposta pastoral”, na qual assinalam que a Igreja de
hoje “tem dificuldade em anunciar Jesus Cristo a uma sociedade cada vez mais secularizada”.
Numa reflexão sobre a “corresponsabilidade dos cristãos na missão da Igreja”,
a CEP afirma que “a importância e especificidade do ministério ordenado não pode significar
a clericalização da Igreja”. O documento lembra o trabalho do Apóstolo na “nova fronteira
da evangelização”, frisando que “este alargar do horizonte do anúncio do Evangelho
é o desafio feito à Igreja por João Paulo II, lançando-a para uma nova evangelização”.
Para os Bispos, as sociedades actuais “estão profundamente marcadas pelo hedonismo
e pelo materialismo, reduzindo o problema de Deus ao arbítrio e à decisão humana,
fiel a ritos, mas incapaz de reconhecer o Deus vivo e transcendente”. “A Igreja
também hoje corre o risco de limitar o anúncio de Jesus Cristo àqueles que continuam
no seu redil, compreendem a sua linguagem e conhecem as suas leis”, alerta a CEP.
Destacando a “fidelidade de Paulo a Jesus Cristo”, os Bispos portugueses falam
de “caminhos de conversão para todos os evangelizadores, também eles chamados a deixarem-se
possuir por Jesus Cristo para poderem anunciar o Seu Evangelho. A nota justifica
esta necessidade afirmando que “o alargamento do anúncio do Evangelho aos descrentes
e aos que abandonaram a vida cristã, supõe evangelizadores com as características
exigidas pela nova evangelização”. “No dizer de João Paulo II, esses evangelizadores
têm de ser possuídos de um novo ardor, porque o seu testemunho é um primeiro anúncio
de natureza querigmática. As Igrejas de Portugal necessitam de repensar estes dois
elementos da nova evangelização”, pode ler-se. Para a CEP “é preciso identificar,
preparar e enviar esses evangelizadores. Na pedagogia e nas atitudes a primeira evangelização
é diferente da catequese. E muitas crianças, jovens e adultos que inserimos nas nossas
catequeses organizadas, precisavam desse anúncio querigmático”. “O Ano Paulino
oferece-nos estímulo para aperfeiçoar a nossa catequese e conceber a acção pastoral
como um meio de aprofundar um processo contínuo de iniciação cristã”, refere. Evangelização Os Bispos procuram deixar claro que “evangelizar não é uma estratégia e não se
reduz a um programa: é uma paixão de amor por Jesus Cristo e pelos nossos irmãos e
irmãs”. “Com Paulo, o ardor da evangelização brota da sua paixão por Jesus Cristo.
O encontro com Cristo na estrada de Damasco mudou a sua vida”, lembram. Frisando
que “o primeiro anúncio é de Jesus Cristo salvador, morto e ressuscitado”, a nota
lembra que o Apóstolo teve a particularidade de se adaptar aos destinatários, em particular
aos não judeus: “Ousou mesmo, sem recusar o diálogo, enfrentar o mundo da cultura
helenista, marcada por várias sabedorias e pelo sincretismo filosófico e religioso.
Foi talvez a sua pregação no Areópago de Atenas que o levou a convencer-se mais de
que só com as sabedorias humanas não se chega à sabedoria da Cruz”. Depois de
afirmarem que “a fé é o grande acontecimento da vida do cristão”, os Bispos portugueses
defendem um caminho catequético que leve “à identificação com Cristo”, lembrando que
“Paulo não separa a vida pessoal do cristão da vida da Igreja: o cristão caminha em
Igreja e não é apenas o indivíduo que se identifica com Cristo, mas toda a Igreja
se identifica com Cristo”. Para viver este período, a CEP publica um itinerário
catequético, de 52 semanas, intitulado “Um ano a caminhar com São Paulo”. Apresenta
um tema para cada semana do ano e destina-se, além das pessoas individualmente, às
famílias, aos grupos paroquiais, à pastoral juvenil e aos Movimentos. D. Carlos
Azevedo, actual Secretário da CEP, indica que estas catequeses, com milhares de exemplares,
“são inovadoras e até estão a suscitar interesse noutros países”. “Pensamos que
será uma oportunidade excepcional para que os grupos e as famílias possam ter, semana
a semana, um alimento espiritual e bíblico, encaminhando-nos assim para preparar da
melhor maneira o Sínodo dos Bispos, que será sobre a Palavra de Deus”, precisou. A
25 de Janeiro de 2009, na festa litúrgica da conversão de São Paulo, será organizada
uma grande celebração nacional nesse dia, na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima.
Ano Paulino Bento XVI proclamou um “Ano Paulino”, para celebrar os
2000 anos do nascimento de São Paulo, com início na Solenidade dos Apóstolos Pedro
e Paulo, a 29 de Junho de 2008, e a terminar um ano depois. Este Ano Paulino coincide,
no tempo, com uma outra proposta feita pelo Papa a toda a Igreja: a convocação de
um Sínodo sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja.