PIO XII CRITICOU CONSTITUIÇÃO ITALIANA QUANTO À LIBERDADE RELIGIOSA
Roma, 30 mar (RV) - O Papa Pio XII criticou um parágrafo do artigo 8º da Constituição
Italiana que admitia a liberdade de propaganda a todas as confissões religiosas.
Na
época, o Vaticano achava que o artigo encorajaria na Itália o crescimento das confissões
protestantes, que depois da II Guerra Mundial, apoiando-se na presença dos militares
protestantes, aumentaram em todo o país.
É o que revela um artigo redigido
por Pe. Giovanni Sale, historiador da Companhia de Jesus, que será publicado na próxima
edição da revista ''La Civilta' Cattolica''. O sacerdote se baseou numa documentação
do Vaticano relativa aos anos 1946-1947.
Pe. Sale analisa o ponto de vista
da Santa Sé sobre a liberdade religiosa durante os trabalhos na Assembléia Constituinte
daquela época, mostrando como os esquemas apresentados pelos deputados democrático-cristãos
eram objetos de contínuas mediações com a Cúria Vaticana.
A discussão na Assembléia
Constituinte sobre o artigo em questão foi seguida com muito interesse e apreensão
no Vaticano, ressalta Pe. Sale.
Pio XII estava muito interessado na disciplina
constitucional dos cultos admitidos. O papa temia que a esquerda, com a ajuda dos
partidos leigos, fizesse passar na Assembléia Constituinte um texto que igualasse,
do ponto de vista do exercício do direito, a Igreja Católica às outras confissões
religiosas.
Segundo Pe. Sale, essa preocupação é expressa em três documentos
redigidos na primavera de 1947 por dois prelados da Secretaria de Estado e pelo Núncio
Apostólico na Itália. (MJ/BF)