Fé e a razão são intrinsecamente não-violentas. Apelos à cooperação e ao respeito mútuo entre os fiéis cristãos e muçulmanos, após encontro no Vaticano com Instituto iraniano
 

(30/4/2008) O Vaticano e a Organização Islâmica para a Cultura de Teerão concluíram esta Quarta-feira um encontro conjunto, afirmando que “a fé e a razão são intrinsecamente não-violentas”.
“Nem a razão nem a fé devem ser usadas para a violência. Lamentavelmente, ambas têm sido mal utilizadas para perpetrar a violência”, refere um comunicado do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso (CPDIR), publicado esta quarta feira .
O CPDIR e o Centro para o Diálogo Inter-Religioso do Islamic Culture and Relations Organisation mantiveram um encontro de três dias em volta do tema “A fé e a razão no Cristianismo e no Islão”.
Segundo o documento final, “ambas as partes concordaram numa cooperação mais aprofundada, para promover a religiosidade genuína, em particular a espiritualidade, encorajando o respeito pelos símbolos considerados sagrados e promovendo os valores morais”.
“Cristãos e muçulmanos devem ir para lá da tolerância, aceitando as diferenças, com consciência dos pontos em comum, de que devemos dar graças a Deus. São chamados a um respeito mútuo, condenando por isso a ridicularização das convicções religiosas”, pode ler-se.
A nota defende que se deve evitar qualquer generalização quando se fala de religiões, considerando que factores como as diferenças confessionais dentro do Cristianismo e no Islão ou os diversos contextos históricos devem ser tidos em conta.
“As tradições religiosas não podem ser julgadas com base num único versículo ou passagem dos seus respectivos livros sagrados”, alertam as duas partes, que sublinham a “atmosfera amistosa” que se respirou nestes dias de trabalho.
Bento XVI, que depois da audiência geral desta quarta feira recebeu os participantes do colóquio, mostrou-se “particularmente satisfeito com a escolha do tema e os resultados do encontro”.
O próximo colóquio terá lugar na capital iraniana dentro de dois anos, precedido por um encontro preparatório.