Regras internacionais que sustentem o desenvolvimento
(29/4/2008) Os princípios de solidariedade e subsidiariedade são chave para estabelecer
as regras internacionais que sustentam o desenvolvimento, propõe a Santa Sé numa intervenção
na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento em Acra, Gana. Referindo-se
á «crise do multilateralismo», assinalam-se especialmente duas críticas às organizações
internacionais. «A primeira é o problema de representação, segundo o qual a decisão
que tem poder entre estas instituições não está situada de forma equitativa». A segunda
crítica refere-se à «falta de envolvimento da sociedade em iniciativas orientadas
ao desenvolvimento, empreendidas por instituições multilaterais. Tal enfoque apresenta
o risco de formular uma estratégia política que não está centrada nos pobres, mas
nos governos dos países». Após uma análise dos problemas inerentes ao comércio
e desenvolvimento, o representante da Santa Sé , o arcebispo Silvano Tommasi falou
daquilo que se pode fazer». A primeira proposta é recordar o que o documento chama
«verdade objectiva», que é um desenvolvimento centrado no ser humano. O verdadeiro
objectivo é o desenvolvimento, propõe a Santa Sé, e «o comércio representa uma oportunidade
significativa para os países em vias de desenvolvimento. Contudo, este não é um fim
em si mesmo, mas um meio para a conquista do desenvolvimento e a redução da pobreza». O
representante da Santa Sé falou depois de dois princípios que devem ser sustentados;
não são obstáculos para as diferentes vias de desenvolvimento: solidariedade e subsidiariedade. Se
o desenvolvimento está centrado na pessoa humana, conclui a Santa Sé, há alguns temas-chave
que devem ser levados em conta. Um deles é a educação, «a essência do desenvolvimento.
Só uma pessoa educada pode ser plenamente consciente do valor e da dignidade do ser
humano. Então as pessoas educadas podem mais facilmente estabelecer entre elas relações
sociais não baseadas na força ou no abuso, mas no respeito e na amizade. Em tal ambiente,
é mais fácil reduzir a corrupção e desenvolver instituições virtuosas que ajudem a
conseguir o bem comum». Incluem-se também a saúde e o trabalho digno. A Santa
Sé afirma que a liberdade económica é chave. «Sem a implementação institucional que
proporcione um ambiente económico estável no qual se imponha o império da lei e os
direitos de propriedade sejam respeitados, o desenvolvimento inevitavelmente reprime-se». «A
tarefa enfrentada pelas instituições internacionais de sustentar o desenvolvimento
dos países é enorme – conclui a Santa Sé. O primeiro passo decisivo para este objectivo
é implementar políticas que reconheçam e situem o valor da pessoa humana no seu centro.»