Crise alimentar:Institutos religiosos e missionários preocupados
com as populações mais pobres
(26/4/2008) A (Rede África-Europa Fé e Justiça) está a desenvolver uma campanha
que visa alertar para os riscos da aposta nos biocombustíveis sobre as populações
mais pobres, frisando que a nova política energética europeia pode colocar em causa
“o direito à alimentação dos africanos e dos países mais pobres”. Os religiosos
denunciam que "algumas empresas europeias aproveitam a falta de conhecimento dos agricultores
africanos para os comprometerem com contratos que podem ir até aos 30 anos, retirando-lhe
o controlo da produção e dos preços de comercialização". Missionários e religiosos
lembram que “a situação energética a nível mundial passa por uma grave crise. A subida
do preço do petróleo e a diminuição das reservas dos cereais, poderão trazer graves
consequências para os países mais pobres”. Ministros e europarlamentares trabalham
o texto da directiva da UE para a energia. Em breve irão participar em dois importantes
eventos internacionais sobre bioenergias: em Maio, o Comité das Nações que procuram
um acordo sobre as regras internacionais acerca da Diversidade Biológica, vai analisar
o tema «Bioenergias os e Biocombustíveis»; em Julho, o G8 abordará a «Alteração do
Clima e a Sustentabilidade». “Apostar na produção agrícola para fabricação de
biocombustíveis como alternativa aos combustíveis fósseis, tornará mais difícil o
acesso à água potável e a terras férteis para a produção alimentar necessária”, alerta
a (Rede África-Europa Fé e Justiça). A Rede África-Europa Fé e Justiça foi criada
em 1988 por vários institutos religiosos e missionários; reúne 50 congregações missionárias
e fala em nome de 30 000 religiosos e religiosas que trabalham na Europa e em África.
Na sua acção de informação e advocacia, inspira-se na doutrina social da Igreja
católica e tem como objectivo reunir e disseminar, entre as forças sociais e políticas
europeias e africanas, informação sobre os dossiers mais relevantes das relações bilaterais
entre a África e a Europa. Por isso, tem-se ocupado das questões relativas ao comércio,
à alimentação e à saúde, ao controle do comércio das armas e dos recursos económicos
na África.