SANTA SÉ PREOCUPADA COM CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS DA URBANIZAÇÃO
Nova York, 24 abr (RV) - A Santa Sé advertiu que as políticas internacionais
e nacionais não podem considerar os emigrantes como simples estatísticas econômicas,
esquecendo suas angústias e dificuldades.
O observador permanente da Santa
Sé, Arcebispo Celestino Migliore, interveio na última reunião do Conselho Econômico
e Social da ONU, ocorrida em Nova York, dedicada em particular à migração de zonas
rurais para centros urbanos.
Segundo Dom Migliore, a humanidade vive um momento
histórico, pois, pela primeira vez, os habitantes urbanos vão superar em breve os
que vivem no campo.
O prelado advertiu para os enormes perigos que o fenômeno
acarreta, como novos problemas ambientais, sociais e econômicos e o surgimento de
megalópoles. Mas a conseqüência mais importante da rápida urbanização é o aumento
de pessoas que vivem na pobreza. No ano de 2005, afirma Dom Migliore, mais de 840
milhões de pessoas no mundo viviam nessas condições.
"Ao faltar-lhes quase
tudo, esses indivíduos podem perder o sentido de seu próprio valor e de sua inerente
dignidade. Ficam presos em um círculo vicioso de extrema pobreza e marginalização.
Invadem propriedades do Estado ou de outros. Sentem-se sem o poder de contar com os
serviços públicos mais básicos", afirmou.
Por este motivo, continua Dom Migliore,
"ao enfrentar as questões da urbanização, temos que pôr em primeiro lugar as necessidades
e as preocupações dos indivíduos, pois colocá-las a serviço de considerações econômicas
ou ambientais cria o efeito desumano de tratar as pessoas como meros objetos, e não
como sujeitos". (BF)