IMPRENSA UNÂNIME EM DECLARAR VISITA DO PAPA AOS EUA "UM SUCESSO"
Cidade do Vaticano, 22 abr (RV) - "Um sucesso." Assim, todos os componentes
da delegação vaticana definem a recém-concluída visita do papa aos EUA.
Num
balanço imediato desta viagem, que teve como lema "Cristo, nossa esperança", o diretor
da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, afirma que foi "vitoriosa
principalmente porque Bento XVI enfrentou os problemas de seu modo, ou seja, com grande
lealdade, sem jamais se esquivar das dificuldades, mas enfrentando-as com grande honestidade,
lucidez e clareza".
Para o Pe. Lombardi, o papa alcançou seu objetivo: transmitiu
esperança aos americanos em geral, aos católicos em particular, e às Nações Unidas:
"Bento XVI Levou um anúncio de esperança a uma grande nação, que deve ter a dignidade
e o sentido da grandeza de sua vocação no mundo de hoje".
Antes mesmo de aterrissar
em Washington, em uma coletiva de imprensa no avião, enfrentou a questão dos abusos
sexuais, surpreendendo e convencendo a mídia com suas palavras de profunda dor e o
compromisso assumido de expulsar da Igreja todos os padres pedófilos.
Foi
o próprio papa a impor, como fio condutor de sua visita, o tema da pedofilia na Igreja,
a necessidade de curar as feridas, de ajudar as vítimas dos abusos, de fazer todo
o possível para que uma tragédia do gênero não se repita.
Em certo sentido,
o encontro sem precedentes com um grupo de vítimas de abusos encerrou um capítulo
que estava paralisando o catolicismo estadunidense. E neste sentido, o papa acertou
no alvo, alcançando os objetivos de compactar novamente a comunidade americana e dar-lhe
impulso e coragem moral nos temas da fé e da defesa dos princípios morais.
Com
seus discursos em espanhol, conquistou os católicos de origem latino-americana, o
futuro da Igreja estadunidense. Com o presidente George W. Bush, assumiu abertamente
a defesa dos imigrantes latinos, pedindo mais empenho dos EUA com as ajudas aos países
do sul do continente.
Com grande diplomacia, no encontro privado na Casa Branca,
abordou os problemas do Iraque e do Oriente Médio, levando a administração Bush a
assinar um comunicado conjunto afirmando que a luta ao terrorismo não pode ignorar
o respeito dos direitos humanos, uma referência ao uso de torturas e ao centro de
detenção em Guantánamo.
Segundo o Pe. Lombardi, Bento XVI comunicou esperança
a uma Igreja que viveu um período particularmente difícil nos últimos anos e que tinha
muita necessidade de ser consolada e projetada ao futuro, consciente de suas responsabilidades
no âmbito da Igreja no mundo.
Às Nações Unidas também ofereceu uma mensagem
de esperança para que todos os povos do mundo reflitam, nesta circunstância extraordinária
do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, sobre os verdadeiros
valores fundamentais para construir o futuro.
"O Bispo de Roma mostrou como
Cristo ajuda a ter essa visão do homem, de seu destino, da realidade da pessoa humana,
que permite construir bases sólidas para o futuro da humanidade", explicou.
Falando
à Assembléia Geral da ONU, frisou o dever de toda ação política ter regras morais.
Enfim, no Ground Zero, nas missas nos estádios, nos encontros com jovens: o papa conquistou
os EUA e a imprensa.
Para o jornal vaticano "L'Osservatore Romano", tratou-se
de uma viagem "histórica". Em seu editorial de ontem, de retorno dos EUA, o editor-chefe,
Gian Maria Vian, escreve que a visita pastoral do pontífice foi "uma ocasião para
celebrar um catolicismo sólido e vital, apesar das graves dificuldades".
Nas
duas etapas de sua visita, Bento XVI contemplou a comunidade judaica. Em Washington,
viu um grupo de rabinos durante o encontro com representantes de outras religiões;
em Nova York, foi visitar a Sinagoga de "East Park" e saudou pessoalmente a comunidade
nas vésperas da Páscoa judaica.
O triunfo da visita do papa repercutiu também
na imprensa americana. Os jornais populares mais vendidos traziam ontem títulos semelhantes
ao do "L'Osservatore Romano".
O "New York Post" publicou em sua primeira página
uma foto de Bento XVI e a palavra "Aleluia" em caixa alta. Já o "USA Today" abriu
com a frase proferida pelo papa em sua despedida no aeroporto de Nova York: "Deus
abençoe a América".
Na vizinha Cuba, a imprensa publicou um comunicado no
qual o ex-presidente Fidel Castro elogia o papa Bento XVI e critica novamente o presidente
dos EUA, George W. Bush, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown.
Segundo
o líder cubano, as palavras proferidas pelo papa são "a antítese da política de brutalidade
e força" aplicada pelo governo Bush.
No texto, publicado no jornal estatal
"Granma", Fidel diz que "o presidente dos EUA e seus aliados ricos e desenvolvidos
impuseram uma guerra sangrenta contra a cultura e a religião de bilhões de pessoas
em nome da luta contra o terrorismo e impera a tortura, o saque e a conquista" pelos
hidrocarbonetos e as matérias-primas. (CM/BF)