ARCEBISPO BOLIVIANO REAFIRMA EMPENHO DA IGREJA PARA MEDIAR CRISE POLÍTICA
Cochabamba, 22 abr (RV) - A cúpula da Igreja Católica boliviana assegurou na
segunda-feira que levará adiante seus esforços para abrir um diálogo de conciliação
política entre o governo e a oposição conservadora, não obstante as duras críticas
que lhe foram feitas pelo presidente do país, Evo Morales. Mas uma negociação entre
as partes teria lugar apenas após 4 de maio, dia para o qual foi convocado um referendo
sobre a autonomia no distrito de Santa Cruz.
"Pensamos que as condições para
o diálogo possam surgir após o 4 de maio", disse o arcebispo de Cochabamba, Dom Tito
Solari Capellari, informando que continua em vigor a gestão de "facilitação de diálogo"
empreendida pela Igreja.
"O país se encontra num momento delicado (...) e queremos
dizer a todos que tenham calma", acrescentou o arcebispo, referindo-se ao conflito,
que pode degenerar em violência e que preocupa especialmente países vizinhos, como
Argentina e Brasil, que importam gás da Bolívia.
Dom Solari Capellari falou
um dia depois de o Cardeal Julio Terrazas Sandoval ter dado pouca importância a uma
queixa de Morales contra a hierarquia católica.
Morales disse no sábado que
se sente "enganado" e "traído" pela cúpula da Igreja, especialmente por uma declaração
do Card. Terrazas Sandoval colocando em dúvida a existência de novas formas de escravidão
de índios guaranis na região do Chaco, no sudeste do país.
O presidente destacou
o papel do que chamou de "Igreja de base", que apoiou os esforços do governo para
libertar os guaranis. (BF)