A INTEGRA DO DISCURSO DO PAPA AOS JOVENS E SEMINARISTAS EM NOVA YORK
Cidade do Vaticano, 20 abr (RV) - Cardeais, Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos jovens amigos,
Proclamem o Cristo Senhor, “sempre prontos a dar
a razão de sua esperança a todo aquele que a pede a vocês” (1 Pt 3, 15). Com estas
palavras, da Primeira Carta de Pedro saúdo cada um de vocês com cordial afeto. Agradeço
ao Cardeal Egan por suas cordiais palavras de boas-vindas e agradeço também aos representantes
escolhidos por vocês por seus gestos e esta calorosa acolhida. Ao Bispo Walsh, Reitor
do Seminário São José, aos funcionários e aos seminaristas, dirijo minhas saudações
especiais e expresso minha gratidão
Jovens amigos, estou muito feliz pela ocasião
de falar com vocês. Levem, por favor, minhas cordiais saudações aos membros de suas
famílias e seus parentes, assim como aos professores e aos funcionários de todas as
várias escolas, colégios e universidades às quais pertencem. Sei que muitos trabalharam
intensamente para garantir a realização deste nosso encontro e a eles estou reconhecido.
Desejo também expressar o meu apreço pelo canto de ‘Feliz Aniversário’. Obrigado por
este gesto comovente. Dou a todos um “10” por sua pronúncia alemã! Hoje à tarde, gostaria
de compartilhar com vocês algumas reflexões sobre o ser discípulos de Jesus Cristo
- em caminho nas pegadas do Senhor, nossas vidas se tornam uma viagem da esperança.
Aqui na frente, vemos imagens de seis homens e mulheres crescidos para conduzir
vidas extraordinárias. A Igreja os honra como Veneráveis, Bem-aventurados ou Santos:
cada um deles respondeu ao chamado de Deus por uma vida de caridade e cada um deles
O serviu aqui nas ruelas, estradas e subúrbios de Nova York. Estou surpreso com a
heterogeneidade de seu grupo: pobres e ricos, homens e mulheres, sacerdotes e religiosas,
imigrantes que vêm de longe, a filha de um guerreiro Mohawk e uma mãe Algonquin, um
escravo haitiano e um intelectual cubano.
Santa Elizabeth Anna Seton, santa
Francisca Xavier Cabrini, São João Neumann, a bem-aventurada Kateri Tekakwitha, o
venerável Pierre Toussaint e o Padre Felix Varela: cada um de nós pode ser incluído
entre eles, porque não existe um estereótipo para este grupo; nenhum modelo uniforme.
Mas um olhar mais de perto revela que existem elementos comuns. Inflamadas pelo amor
de Deus, suas vidas se tornaram extraordinários trajetos de esperança. Para alguns,
isto significou deixar sei país e embarcar em uma peregrinação de milhares de quilômetros.
Para cada um, foi um ato de abandono em Deus na confiança que Ele é o destino final
de todo peregrino. Todos estendiam ‘uma mão’ de esperança às pessoas que encontravam
nas ruas, muitas vezes despertando nelas uma vida de fé. Através de orfanatos, escolas
e hospitais, assistindo os pobres, os doentes e os marginalizados, e mediante o testemunho
convincente que deriva do caminhar humildemente seguindo o exemplo de Jesus, estas
seis pessoas abriram o caminho da fé, da esperança e da caridade a inúmeras pessoas,
incluindo seus próprios ancestrais.
E hoje? Quem leva o testemunho da Boa Nova
de Jesus às ruas de Nova York, nos subúrbios inquietos às margens das grandes cidades,
aos lugares nos quais os jovens se reúnem em busca de alguém em quem confiar? Deus
é nossa origem e nosso destino, e Jesus é o caminho. O percurso desta viagem se articula
– como o dos nossos santos – entre alegrias e provações da normal vida cotidiana:
em suas famílias, nas escolas e nos colégios, durante suas atividades no tempo livre
e em suas comunidades paroquiais. Todos estes lugares são marcados pela cultura na
qual crescem. Como jovens americanos, lhes são oferecidas muitas possibilidades para
seu desenvolvimento pessoal, e vocês foram educados com um espírito de generosidade,
serviço e imparcialidade. Mas não precisam que eu lhes diga que existem também dificuldades:
comportamentos e modos de pensar que sufocam a esperança caminhos que conduzem à felicidade
e à satisfação, mas que conduzem somente à confusão e angústia.
Meus anos
de adolescência foram estragados por um regime infausto que acreditava possuir todas
as respostas; sua influência cresceu – penetrando inclusive nas escolas e organismos
civis, assim como na política e até mesmo na religião – antes de ser plenamente reconhecido
como um verdadeiro monstro. Ele colocou Deus de fora, e assim, o tornou inacessível
a todas as coisas verdadeiras e boas. Muitos de seus pais e avós lhes contaram da
destruição que houve, a seguir. Alguns deles, de fato, vieram aos Estados Unidos justamente
para fugir daquele terror.
Agradecemos a Deus porque hoje, muitos de sua geração
podem gozar das liberdades surgidas graças à difusão da democracia e do respeito dos
direitos humanos. Agradecemos a Deus por todos os que lutam para garantir que vocês
possam crescer em um ambiente que cultiva coisas bonitas, boas e verdadeiras. Seus
pais e avós, seus professores e sacerdotes, as autoridades civis que buscam coisas
corretas e justas.
O poder destruidor, todavia, persiste. Afirmar o contrário
seria enganar a si mesmos. Mas ele não triunfará jamais; ele foi derrotado. É esta
a essência da esperança que nos distingue, como cristãos; a Igreja o recorda de modo
muito dramático durante o tríduo pascal e o celebra com grande alegria no tempo pascal!
Aquele que nos indica o caminho após a morte é aquele que nos mostra como superar
destruição e angústia. Assim, é Jesus o grande Mestre de vida (cfr Spe salvi, 6).
Sua morte e ressurreição significam que podemos dizer ao Pai celeste: “O Senhor renovou
o mundo” (6ª feira Santa, Oração depois da comunhão). Assim, apenas algumas semanas
atrás, durante a belíssima liturgia da Vigília Pascal, não foi por desespero ou angústia,
mas com uma confiança repleta de esperança, que gritamos a Deus em favor de nosso
mundo: Dispersai as trevas de nosso coração! Dispersai as trevas de nosso espírito!
(cfr Oração durante a ascensão do círio pascal).
O que podem ser estas trevas?
O que acontece quando as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, encontram o pulso
forte da repressão ou da manipulação, ao invés da mão estendida, da esperança? O primeiro
grupo de exemplos pertence ao coração, onde os sonhos e desejos que os jovens perseguem
podem ser tão facilmente rompidos ou destruídos. Penso naqueles que são vítimas do
abuso da droga e dos estupefacientes, da falta de uma moradia, da pobreza, do racismo,
da violência e do degrado – especialmente moças e mulheres. Enquanto as causas destas
situações problemáticas são complexas, todas têm em comum uma atitude mental envenenada,
que se manifesta ao tratar as pessoas como meros objetos. Assim, afirma-se uma insensibilidade
de coração que inicialmente ignora e enfim, denigre a dignidade dada por Deus a toda
pessoa humana. Tragédias semelhantes demonstram também o que poderia ter acontecido
e o que pode acontece agora, se outras mãos – as suas mãos – tivessem sido estendidas
ou se estendem a eles. Encorajo-os a convidar outras pessoas, sobretudo vulneráveis
e inocentes, a associarem-se a vocês no caminho da bondade e da esperança.
A
segunda área de trevas – que atinge o espírito – muitas vezes não se sente, e por
isso, é particularmente funesta. A manipulação da verdade distorce a nossa percepção
da realidade e obscurece nossas aspirações. Já mencionei as várias liberdades de que
os senhores podem usufruir. A importância fundamental da liberdade deve ser rigorosamente
salvaguardada. Assim, não surpreende que numerosos indivíduos e grupos reivindiquem
em voz alta, em público, suas liberdades. Mas a liberdade é um valor delicado. Pode
ser mal-entendida ou mal utilizada, de modo que não conduz à felicidade que todos
esperamos dela, mas a um cenário escuro de manipulação, no qual a nossa compreensão
de nós mesmos e do mundo se faz confusa ou é até mesmo distorcida por quem tem um
projeto escondido.
Vocês notaram quantas vezes a reivindicação da liberdade
é feita, sem jamais referir-se à verdade da pessoa humana? Existem pessoas que defendem
que o respeito da liberdade do cidadão torne injusta a busca da verdade, incluindo
a verdade sobre o que é o bem. Em alguns lugares, falar da verdade é considerado como
fonte de discussão ou de divisões, e portanto, deve ser reservado à esfera pessoal.
E no lugar da verdade – ou melhor, da ausência da verdade – difundiu-se a idéia de
que, dando valor indiscriminadamente a tudo, assegura-se a liberdade e se liberta
a consciência. É o que definimos relativismo. Mas qual é o objetivo da ‘liberdade’
que, ignorando a verdade, persegue o que é falso ou injusto? A quantos jovens foi
oferecida uma mão que, em nome da liberdade ou da experiência, os guiou ao vício das
drogas, à confusão moral ou intelectual, à violência, à perda de respeito por si mesmos,
ao desespero, e até, tragicamente, ao suicídio? Queridos amigos, a verdade não é uma
imposição. Nem é simplesmente um conjunto de regras. É a descoberta de Um, que nunca
nos trai; de Um no qual podemos sempre confiar. Ao procurar a verdade, chegamos a
viver com base na fé porque, definitivamente, a verdade é uma pessoa; Jesus Cristo.
É esta a razão pela qual a autêntica liberdade não é uma escolha de se ‘desvincular’
de algo. É uma decisão pelo ‘empenho por’; nada mais do que sair de si mesmos e deixar-se
envolver no ‘ser pelos outros’ de Cristo (cfr Spe salvi, 28).
Como podemos
então, como fiéis, ajudar os outros a caminhar no caminho da liberdade que leva à
satisfação plena e à felicidade duradoura? Mas voltamos agora aos santos. De que forma
seu testemunho libertou realmente das trevas do coração e do espírito? A resposta
se encontra no fulcro de sua fé – de nossa fé. A encarnação, o nascimento de Jesus
nos diz que Deus procura, realmente, um lugar entre nós. O hotel está cheio, mas apesar
disso, Ele entra na manjedoura, e algumas pessoas vêem a sua luz. Reconhecem o mundo
escuro e fechado de Herodes e seguem, ao contrário, o brilho da estrela que os guia
no céu escuro. O que irradia? A este ponto, podem se lembrar da oração pronunciada
na santíssima noite de Páscoa: “Oh Pai, que por meio de teu Filho, luz do mundo, nos
comunicou a luz da tua glória, acende em nós a chama viva de tua esperança!” (cfr
Benção do fogo). E assim, em uma procissão solene com as nossas velas acesas, passamos
de um ao outro a luz de Cristo. É a luz que “derrota o mal, lava as culpas, restitui
a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos, dissipa o ódio, nos traz a paz e
humilha a soberba do mundo” (Exsultet). É esta a luz de Cristo, à obra. É este o caminho
dos santos. É a magnífica visão da esperança – a luz de Cristo lhes convida a ser
estrela-guia para os outros, caminhando no caminho de Cristo que é caminho de perdão,
de reconciliação, humildade, alegria e paz. Por vezes, porém, somos tentados
em fechar-nos em nós mesmos, duvidar da força do esplendor de Cristo, limitar o horizonte
da esperança. Tomem coragem! Fixem o olhar em nossos santos! A diversidade de suas
experiências da presença de Deus nos sugere para descobrir novamente a amplidão e
a profundidade do cristianismo. Deixem que a sua fantasia se expanda livremente ao
longo do discipulado cristão. Por vezes, somos consideradas pessoas que falam apenas
de proibições. Nada pode ser mais distante da verdade! Um autêntico discipulado cristão
é caracterizado pela sensação de surpresa. Estamos diante daquele Deus que conhecemos
e amamos como um amigo, diante da vastidão de sua criação e da beleza de nossa fé
cristã.
Queridos amigos, o exemplos dos santos nos convida também a considerar
quatro aspectos essenciais do tesouro de nossa fé: oração pessoal e silêncio, oração
litúrgica, caridade praticada e vocações.
A coisa mais importante é que desenvolva
uma relação pessoal com Deus. Esta relação se expressa na oração. Em virtude de sua
natureza, Deus fala, escuta, e responde. Com efeito, São Peulo nos recorda que nós
podemos e devemos “rezar incessantemente” (cfr 1 Ts 5, 17). Longe de fechar-nos em
nós mesmos ou de fugir dos altos e baixos da vida, por meio da oração nos dirigimos
a Deus, e através d’Ele, nos dirigimos a todos, inclusive aos marginalizados e àqueles
que seguem caminhos diversos dos de Deus (cfr Spe salvi, 33). Como os santos nos ensinam
de modo tão vivo, a oração se torna esperança concreta. Cristo era seu companheiro
constante, com o qual conversavam em seu caminho a serviço dos outros.
Há outro
aspecto da oração que nós devemos recordar: a contemplação no silêncio. São João,
por exemplo, nos diz que para colher a revelação de Deus, é preciso antes de tudo
ouvir, e depois responder, anunciando aquilo que ouvimos e vimos (cfr 1 Gv 1, 2-3;
Cost. Dei Verbum, 1). Por acaso perdemos um pouco a arte do ouvir? Deixem algum espaço
para ouvir o sussurro de Deus que lhes chama rumo à bondade? Amigos, não tenham medo
do silêncio e da quietude, ouçam Deus, adorem-no na Eucaristia! Deixem que sua palavra
forje o seu caminho como desenvolvimento da santidade.
Na liturgia, encontramos
toda a Igreja na oração. A palavra “liturgia” significa a participação do Povo de
Deus na obra de Cristo sacerdote e de seu Corpo, que é a Igreja (Sacrosanctum Concilium,
7). Em que consiste esta obra? Antes de tudo, se refere à Paixão de Cristo, à sua
morte e ressurreição e à sua ascensão - aquilo que chamamos ‘Mistério Pascal’. Refere-se
também à própria celebração da liturgia. De fato, os dois significados são inseparavelmente
relacionados, porque esta ‘obra de Jesus’ é o verdadeiro conteúdo da liturgia. Mediante
a liturgia, a ‘obra de Jesus’ é continuamente em contato com a história; com a nossa
vida, para forjá-la. Aqui, captamos mais uma idéia da grandeza de nossa fé cristã.
Cada vez que vocês se reúnem para a Santa Missa, quando se confessam, cada vez que
celebram um dos Sacramentos, Jesus está em ação. Através do Espírito Santo, os atrai
a si, dentro de seu amor sacrifical pelo Pai, que se torna amor para todos. Assim,
vemos que a liturgia da Igreja é um ministério de esperança para a humanidade. A sua
participação plena de fé é uma esperança ativa que ajuda a manter o mundo – santos
e pecadores – abertos a Deus; é esta a verdadeira esperança humana, que nós oferecemos
a todos (cfr Spe salvi, 34).
Sua oração pessoal, seus tempos de contemplação
silenciosa e sua participação na liturgia da Igreja lhes aproxima de Deus e os prepara
também a servir os outros. Os santos que nos acompanham esta tarde nos mostram que
a vida de fé e de esperança é também uma vida de caridade. Contemplando Jesus na Cruz,
vemos o amor em sua forma mais radical. Podemos começar a imaginar o caminho do amor
que devemos percorrer. (cfr Deus caritas est, 12). As ocasiões para fazer este caminho
são muitas. Olhem a seu redor com os olhos de Cristo, ouçam com seus ouvidos, intuam
com o seu coração e seu espírito. Os senhores estão prontos a dar tudo pela verdade
e a justiça, como Ele fez? Muitos exemplos de sofrimento aos quais nossos santos responderam
com compaixão encontram-se ainda hoje nesta cidade e arredores. E emergiram novas
injustiças: algumas são complicadas e derivam da manipulação do espírito. Até o nosso
meio-ambiente de vida, a própria terra, geme sob o peso da avidez de consumo e da
exploração irresponsável dos recursos. Devemos escutar profundamente. Devemos responder
com uma ação social renovada, que nasça do amor universal, que não conhece limites.
Desta forma, estamos certos de que nossas obras de misericórdia e justiça se tornem
esperança concretas para os outros.
Queridos jovens, enfim... gostaria ainda
de dizer algo sobre as vocações. Antes de tudo, meu pensamento se dirige a seus pais,
avós, padrinhos, que foram seus primeiros educadores na fé. Apresentando-os ao batismo,
eles lhes deram a chance de receber o maior dom de suas vidas. Naquele dia, entraram
na santidade do próprio Deus. Tornaram-se filhas e filhos adotivos do Pai. Foram incorporados
em Cristo. Se transformaram em moradia de seu Espírito. Rezamos pelas mães e pais
em todo o mundo, especialmente por aqueles que estão lutando, de todas as formas,
socialmente, materialmente, espiritualmente. Honremos a vocação do matrimônio e da
vida familiar. Queremos sempre reconhecer que o local onde nascem as vocações são
as famílias.
Reunidos aqui, no Seminário São José, saúdo os seminaristas presente,
e encorajo, de fato, todos os seminaristas em todos os lugares dos EUA. Estou feliz
em saber que seu número está aumentando! O povo de Deus espera que vocês sejam sacerdotes
santos, num caminho cotidiano de conversão, inspirando nos outros o desejo de entrar
na vida eclesial dos fiéis com profundidade. Exorto-os a aprofundar a sua amizade
com Jesus, Bom Pastor. Falem com Ele de coração para coração. Rejeitem toda tentação
de ostentação, carreirismo e vaidade. Tendam a um estilo de vida caracterizado pela
caridade, castidade e humildade, imitando Cristo, eterno Sumo Sacerdote, de quem
devem se tornar imagem viva (cfr Pastores dabo vobis, 33). Queridos seminaristas,
rezo por vocês todos os dias. Recordem-se de que aquilo que conta para o Senhor é
habitar em seu amor e irradiar seu amor pelos outros. Irmãs, irmãos e sacerdotes
das Congregações religiosas contribuem amplamente à missão da Igreja. O seu testemunho
profético é caracterizado por uma profunda convicção da primazia com a qual o Evangelho
plasma a vida cristã e transforma a sociedade. Hoje gostaria de chamar a atenção de
vocês para a positiva renovação espiritual que as Congregações estão realizando em
relação a seu carisma. A palavra “carisma” significa um dom oferecido livremente e
gratuitamente. Os carismas são concedidos pelo Espírito Santo que inspira fundadores
e fundadoras e forma as Congregações com um patrimônio espiritual. A maravilhosa série
de carismas de cada Instituto Religioso é um tesouro espiritual extraordinário. A
história da Igreja, de fato, é talvez ilustrada na maneira mais sublime através da
história de suas escolas de espiritualidade, a maioria das quais procedem de vidas
santas de fundadores e fundadoras. Acredito que, mediante a descoberta dos carismas
que produzem uma vastidão de sabedoria espiritual, alguns de vocês jovens serão atraídos
para uma vida de serviço apostólico e contemplativo. Não sejam tímidos em conversar
com os freis, religiosas ou sacerdotes religiosos sobre o carisma e sobre a espiritualidade
de sua Congregação. Não existe comunidade perfeita, mas é o discernimento de fidelidade
a um carisma fundador, não a uma pessoa em particular, que o Senhor pede a vocês.
Tenham coragem! Vocês podem fazer de suas vidas uma auto-doação por amor ao Senhor
Jesus e, n’Ele, por todo membro da família humana (cfr Vita consecrata, 3). Amigos,
pergunto novamente a vocês: o que dizer do momento presente? O que vocês procuram?
O que Deus sugere a vocês? A esperança que não decepciona é Jesus Cristo. Os santos
nos mostram o amor desinteressado de seu caminho. Como discípulos de Cristo, seus
percursos extraordinários se desenvolveram dentro de uma comunidade de esperança que
é a Igreja. É dentro da Igreja que também vocês encontrarão a coragem e o amparo para
caminhar na estrada do Senhor. Nutridos pela oração pessoal, preparados no silêncio,
plasmados pela liturgia da Igreja, vocês descobrirão a vocação particular que o Senhor
reserva para vocês. Abracem-na com alegria. Hoje os discípulos de Cristo são vocês.
Irradiem a sua luz sobre esta grande cidade e além dela. Mostrem ao mundo a razão
da esperança a todo aquele que a pedir a vocês. Falem com os outros da verdade que
lhes torna livres. Com estes sentimentos de grande esperança, que deposito em vocês,
saúdo cada um com um “até breve” na expectativa de encontrá-los novamente em Sydney,
em julho, para o Dia Mundial da Juventude! E como garantia de meu afeto por vocês
e por suas famílias, concedo a todos, com alegria, a minha Benção Apostólica.
SAUDAÇÃO
FINAL EM ESPANHOL
Queridos seminaristas, queridos jovens,
Para mim é
uma grande alegria poder encontrá-los neste dia de meu aniversário. Obrigada pelao
acolhimento e pela gentileza que vocês me demonstraram.
Peço-lhes que abram
os seus corações ao Senhor, para que Ele encha plenamente seus corações e com fogo
de seu amor vocês possam levar o Evangelho a todos os bairros de Nova York.
A
luz da fé ajudará vocês a responder ao mal com o bem e com a santidade da vida, como
fizeram as grandes testemunhas do Evangelho no decorrer dos séculos. Vocês são chamados
a continuar essa corrente de amigos de Cristo, que encontraram em seu amor o grande
tesouro de suas vidas. Cultivem esta amizade através da oração, tanto pessoal, quanto
litúrgica, e através das obras de caridade e no compromisso de ajudar aqueles que
estão em dificuldades. Se ainda não o fizeram, pensem seriamente se o Senhor não lhes
pede para segui-lo de maneira radical no ministério sacerdotal ou na vida consagrada.
Não é suficiente uma relação esporádica com Cristo. Uma amizade assim não é verdadeira.
Cristo quer que vocês sejam seus amigos íntimos, fiéis e perseverantes. Ao renovar
o meu convite a participar do Dia Mundial da Juventude em Sydney, lembrarei de vocês
em minhas orações, e peço a Deus que faça de vocês discípulos autênticos de Cristo
ressuscitado. Obrigado de coração! (MJ-CM)