NO DIA DE SEU TERCEIRO ANIVERSÁRIO DE PONTIFICADO, PAPA PEDE "NOVO PENTECOSTES PARA
IGREJA NA AMÉRICA"
Nova York, 19 abr (RV) – Hoje é o penúltimo dia da viagem apostólica internacional
do Santo Padre aos EUA, onde se encontra deste a última terça-feira, dia 15. Neste
sábado, 19 de abril, Bento XVI festeja seu terceiro aniversário de eleição à Cátedra
de Pedro.
Após a intensa jornada de ontem, o Santo Padre deixou a residência
do observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino Migliore, transferindo-se,
de papamóvel, para a Catedral de São Patrício, onde presidiu a santa missa.
Ao
chegar à catedral, em clima de festa, o pontífice foi calorosamente acolhido, entre
outros, pelo arcebispo de Nova York, Cardeal Edward Egan, e pelo prefeito da cidade,
Michael Bloomberg.
A santa missa teve a participação de milhares de fiéis,
sacerdotes, religiosos e religiosas. A celebração foi dedicada ao clero e aos religiosos,
representando as dioceses da Costa Leste.
A homilia foi uma mensagem de fé
apostólica, que provém do Cenáculo da Ressurreição. O Santo Padre iniciou saudando
"com grande afeto no Senhor" todos aqueles que representam os bispos, os sacerdotes
e os diáconos, os homens e as mulheres de vida consagrada e os seminaristas dos EUA.
"Ao
mesmo tempo em que agradecemos pelas bênçãos do passado e consideramos os desafios
do futuro, queremos implorar a Deus a graça de um novo Pentecostes para a Igreja na
América", disse o Santo Padre.
Em seguida, o pontífice recordou que a Igreja
é chamada a proclamar o dom da vida, a proteger a vida e a promover uma cultura da
vida. "A proclamação da vida, da vida em abundância, deve ser o coração da nova evangelização.
Porque a verdadeira vida, a nossa salvação, pode ser encontrada somente na reconciliação,
na liberdade e no amor que são dons de Deus.
No contexto das necessidades mais
urgentes da sociedade, o Santo Padre citou que somos chamados a anunciar e a encarnar
a mensagem de esperança num mundo no qual o egocentrismo, a avidez, a violência e
o cinismo, tão freqüentes, parecem sufocar o frágil crescimento no coração das pessoas.
"Talvez
tenhamos perdido de vista que, numa sociedade na qual a Igreja para muitos parece
ser legalista e 'institucional', nosso desafio mais urgente é comunicar a alegria
que nasce da fé e a experiência do amor de Deus."
Em seguida, Bento XVI falou
do significado de alguns aspectos da Catedral de São Patrício para se "entender melhor
os pontos cruciais da nossa vocação dentro da unidade do Corpo místico".
O
primeiro aspecto diz respeito aos vitrais, com representações artísticas que inundam
o ambiente interno com uma luz mística. Vistas de fora, tais janelas se mostram escuras,
pesadas, até mesmo tristes. Mas quando se entra na igreja, elas improvisamente tomam
vida; refletem a luz que as atravessa revelando todo o seu esplendor.
É somente
a partir de dentro, da experiência de fé e de vida eclesial, disse o papa, que vemos
a Igreja assim como verdadeiramente é: inundada de graça, esplendente de beleza, adornada
pelos multíplices dons do Espírito.
Conseqüentemente, nós, que vivemos a vida
de graça na comunhão da Igreja, somos chamados a atrair todas as pessoas para dentro
desse mistério de luz.
Não é uma tarefa fácil num mundo que pode ser propenso
a olhar para a Igreja "a partir de fora": um mundo que sente profundamente uma necessidade
de espiritualidade, mas acha difícil "entrar no mistério" da Igreja.
"Também
para alguns de nós, a luz da fé pode ser atenuada pela rotina e o esplendor da Igreja
pode ser ofuscado pelos pecados e pelas fraquezas de seus membros. O ofuscamento pode
derivar também dos obstáculos encontrados numa sociedade que, por vezes, parece ter
esquecido Deus e que se irrita diante das exigências mais elementares da moral cristã."
Assim,
o papa dirigiu seu olhar para a situação interna da Igreja: "Uma das grandes desilusões
após o Concílio Vaticano II, com a sua exortação a um maior compromisso na missão
da Igreja pelo mundo, foi para todos nós a experiência de divisão entre grupos diversos,
gerações diferentes e membros diferentes da própria família religiosa. Podemos seguir
adiante somente se juntos fixarmos o nosso olhar em Cristo!".
Desse modo, seguiremos
juntos rumo à verdadeira renovação espiritual que o Concílio Vaticano II queria, uma
renovação que, somente ela, pode reforçar a Igreja na santidade e na unidade indispensáveis
para a proclamação eficaz do Evangelho no mundo de hoje.
Diante da nossa necessidade
de uma perspectiva fundada na fé e de unidade e colaboração no trabalho de edificação
da Igreja, o pontífice retornou aos fatos do abuso sexual que causaram tanto sofrimento.
"Desejo
simplesmente assegurar aos senhores, caros sacerdotes e religiosos, a minha solidariedade,
ao tempo em que buscam responder com esperança cristã aos contínuos desafios apresentados
por essa situação. Uno-me aos senhores rezando a fim de que este seja um tempo de
purificação para cada um e para toda Igreja particular e comunidade religiosa, para
que seja um tempo de cura."
O papa prosseguiu encorajando a colaboração com
os bispos, que continuam trabalhando eficazmente para resolver esse problema. "Que
o Senhor Jesus Cristo conceda à Igreja na América um renovado sentido de unidade e
de decisão."
O Santo Padre concluiu a sua homilia fazendo uma premente exortação:
"Em conformidade com as tradições mais nobres da Igreja neste país, sejam também os
primeiros amigos do pobre, do refugiado, do estrangeiro, do doente e de todos os que
sofrem".
No final da missa, o cardeal-secretário de Estado, Tarcisio Bertone,
felicitou Bento XVI pelo terceiro aniversário de sua eleição a Sumo Pontífice. (RL/BF)