Dez milhões de mulheres e crianças morrem anualmente no mundo devido a
falhas na saúde
(18/4/2008) Mais de dez milhões de mulheres e crianças morrem anualmente no mundo
por causas que, em geral, poderiam ser evitadas, sendo a maioria das vítimas provenientes
da África subsariana. Estes números resultam da análise a 68 países considerados
prioritários no âmbito dos Objectivos do Milénio contida no relatório Contagem
Decrescente para 2015: Sobrevivência das mães, recém-nascidos e crianças menores de
cinco anos, ontem divulgado. O conjunto dos países mencionados no relatório é
responsável, anualmente, por 97% das mortes de mães e de menores de cinco anos. O
documento começa hoje a ser discutido num encontro na Cidade do Cabo, África do Sul,
promovido pela União Inter-Parlamentar, que agrupa representantes de mais de 140 parlamentos
nacionais, e que contará com a participação de especialistas nas áreas abordadas em
Contagem Decrescente para 2015. Registando um crescimento nas contribuições
dos países dadores e também um maior envolvimento de ONG a operarem nas áreas contempladas
no relatório, este constata que, apesar disso, não se verificou uma melhoria geral
reflectindo o incremento da ajuda internacional. Segundo o documento - que terá
novo ponto da situação em 2010 ou 2011 - apenas 16 daqueles países registaram avanço
significativo em 2006 na redução da mortalidade de menores de cinco anos em dois terços
até 2015. Destes países, o Peru foi o que registou melhor resultado, passando de
78 mortos em mil, em 1990, para 25 em mil, em 2006. Em comparação, a taxa de mortalidade
infantil em Portugal, no mesmo ano, foi de 3,3 em mil. Por outro lado, 12 países
registaram um agravamento do mesmo indicador, com aumento da mortalidade infantil
desde 1990. No segundo Objectivo do Milénio analisado no relatório - a mortalidade
materna, isto é, a morte de uma grávida resultante de causa directa ou indirecta da
gravidez -, a China apresenta melhoria significativa, com a Serra Leoa e o Afeganistão
a exibirem valores extremamente elevados. Nesta área, registe-se que Angola e Guiné-Bissau
surgem também com valores elevados. A maioria dos países com piores resultados passaram
ou estão a passar por situações de guerra aberta ou grave crise política com paralisia
ou inexistência funcional das instituições básicas do Estado e do Governo. Constatando
a falha na concretização dos quarto e quinto Objectivos do Milénio, o relatório contém
uma nota optimista, sugerindo que o melhor e mais completo conhecimento das realidades
nacionais, irá contribuir para a definição de estratégias mais adequadas, quer da
parte dos Governos de cada país quer das entidades internacionais