2008-04-12 13:35:54

Paz autentica e duradoira, se desarmamento assume natureza ética e espiritual. Recuperar a confiança, cultivar o diálogo, alimentar a solidariedade perseguindo o caminho de um humanismo integral e solidário: Bento XVI numa mensagem ao Conselho pontifício Justiça e Paz


(12/4/2008) Os consideráveis recursos materiais e humanos usados em despesas militares e armamentos são de facto subtraídos aos projectos de desenvolvimento dos povos, especialmente daqueles mais pobres e necessitados de ajuda.
Esta denuncia do Papa está contida numa mensagem ao conselho pontifício Justiça e Paz, reunido no Vaticano para debater o tema “desarmamento, desenvolvimento e paz. Perspectivas para um desarmamento integral. Bento XVI salienta além disso a existência de autenticas guerras do bem-estar, desencadeadas pelo egoísmo de quem quer manter o próprio nível de vida. E renova o apelo aos Estados para que reduzam as despesas militares para os armamentos e tomem em seria consideração a ideia de criar um fundo mundial destinado a projectos de desenvolvimento pacifico dos povos.
A produção e o comercio de armas - salienta Bento XVI – estão em continuo aumento e vão assumindo um papel de reboque na economia mundial. Permanece o direito á defesa da parte dos Estados, mas deve ser proporcionada aos perigos que o Estado corre. Até quando estiver presente o perigo de uma ofensa o armamento dos Estados será necessário por razões de legitima defesa, que é um direito inalienável dos estados, estando também ligado ao dever dos próprios estados de defenderem a segurança e a paz dos povos. Contudo não deve ser considerado licito qualquer nível de armamento.
Podem existir - observa o Papa – guerras desencadeadas por graves violações dos direitos humanos, pela injustiça e pela miséria, mas não se deve esquecer o risco de autenticas guerras do bem-estar, isto é, causadas pela vontade de expandir ou conservar o domínio económico em prejuízo dos outros. O simples bem-estar material, sem um desenvolvimento moral e espiritual coerente – sublinha o Papa na sua mensagem ao Conselho Pontifício Justiça e Paz – pode cegar o homem ao ponto de o levar a mater o próprio irmão.
Hoje, mais do que no passado, é necessária uma opção decidida da comunidade internacional a favor da paz. No plano económico é necessário empenhar-se para que a economia seja orientada para o serviço da pessoa humana, a solidariedade e não só para o lucro. No plano jurídico, os estados são chamados a renovar o próprio empenho, em particular o respeito dos tratados internacionais já em vigor sobre o desarmamento e o controlo de todos os tipos de armas, bem como a ratificação e a consequente entrada em vigor dos instrumentos já adoptados..como é o caso do Tratado sobre a proibição geral dos ensaios nucleares e as várias negociações em curso . Finalmente são pedidos esforços contra a proliferação de armas ligeiras e de pequeno calibre, que alimentam as guerras locais e a violência urbana, e matam demasiadas pessoas todos os dias no mundo inteiro.
Na mensagem ao conselho pontifício justiça e paz Bento XVI salienta ainda que fenómenos como o terrorismo á escala mundial tornam lábil a fronteira entre a paz e a guerra prejudicando seriamente a esperança no futuro da humanidade. Ao lado do terrorismo preocupam o Papa tensões e guerras que continuam em varias partes do mundo. E também lá, onde não se vive a tragedia da guerra - salienta - são difusos os sentimentos de medo e insegurança. E tudo isto – acrescenta o Papa – é o resultado de injustiças estruturais.
No mundo – denuncia Bento XVI – permanecem áreas sem um nível adequado de desenvolvimento humano e material, não são poucos os povos e pessoas privados de direitos e liberdades elementares.
Dirigindo o olhar ás situações concretas nas quais a humanidade vive hoje, poderíamos ser investidos por sentimentos de desconforto e resignação: nas relações internacionais, ás vezes parecem prevalecer - observa Bento XVI nesta sua mensagem ao Conselho Pontifico Justiça e Paz – a desconfiança e a solidão; os povos sentem-se divididos e uns contra os outros. Uma guerra total, de terrível profecia, corre o perigo de transformar-se numa trágica realidade. Para superar esta situação – salienta o Papa – é necessária certamente uma acção comum no plano politico, económico e jurídico, mas ainda antes é necessária uma reflexão partilhada no plano moral e espiritual; é cada vez mais urgente promover um novo humanismo, que ilumine o homem na compreensão de si mesmo e do sentido do próprio caminho na historia. Isto é, para Bento XVI o desenvolvimento não pode reduzir-se a simples crescimento económico: deve compreender a dimensão moral e espiritual: um autentico humanismo integral não pode não ser ao mesmo tempo solidário.
Para o Papa chegou a hora de mudar o curso da historia, de recuperar a confiança, de cultivar o diálogo, de alimentar a solidariedade perseguindo o caminho de um humanismo integral e solidário, em cujo contexto – é a conclusão de Bento XVI – também a questão do desarmamento assume uma natureza ética e espiritual e a humanidade poderá caminhar em direcção a uma auspiciada paz autentica e duradoira.







All the contents on this site are copyrighted ©.