CARDEAL MARTINO DENUNCIA AUMENTO DE GASTOS MILITARES EM DETRIMENTO DOS MAIS POBRES
Cidade do Vaticano, 12 abr (RV) - Ao término do seminário internacional promovido
pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, "Desarmamento, desenvolvimento e paz:
perspectivas por um desarmamento integral", a Rádio Vaticano entrevistou o presidente
do referido organismo, Cardeal Renato Raffaele Martino, a quem perguntou qual a mensagem
desse seminário:
Card. Renato Martino:- "Infelizmente, vivemos uma era
na qual se tem a impressão de que o desarmamento não receba a atenção que merece.
Penso também que houve uma pausa nisso, porque, com a ameaça do terrorismo, a opinião
pública se convenceu de que era necessário armar-se para defender a sociedade do terrorismo.
O Pontifício Conselho da Justiça e da Paz pretendeu demonstrar que o desarmamento
está estreitamente ligado ao tema do desenvolvimento. Ora, nos dias de hoje, somos
atônitos expectadores de um paradoxo. Aumenta a despesa com a produção das armas e,
ao mesmo tempo, cresce a pobreza relativa no mundo. Crescem as diferenças, são mortificados
os pobres, aos quais é negado um futuro."
P. O papa, na Mensagem para o
Dia Mundial da Paz 2006, afirmava que o processo de desarmamento está "estagnado no
pântano de uma quase indiferença geral". Qual é a situação hoje? Card.
Renato Martino:- "A situação é preocupante, muito preocupante. Como o papa afirma,
a despesa militar aumenta tragicamente; por outro lado, estamos diante de certa apatia
da comunidade internacional em relação à questão do desarmamento. Penso com preocupação
naquilo que se deveria fazer no campo das armas químicas, bacteriológicas, nucleares,
mas também das armas convencionais e das 'armas leves'. E é justamente com as 'armas
leves' que se verificam os delitos 'cotidianos'. Como nos pedia o Santo Padre Bento
XVI, é preciso um despertar da comunidade internacional para reencontrar aquele consenso
necessário e aquela convicta disponibilidade para a 'governança' do problema das armas."
(RL/BF)