BENTO XVI: PAZ E DESENVOLVIMENTO DOS POVOS ESTÃO LIGADOS AO DESARMAMENTO
Cidade do Vaticano, 12 abr (RV) - Bento XVI lança um premente apelo à comunidade
internacional, a fim de que empreenda com coragem o caminho do desarmamento e, mediante
um "novo humanismo", construa as bases para uma paz duradoura e para o desenvolvimento
dos povos.
A exortação do pontífice está contida na mensagem ao seminário promovido
pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz sobre o tema "Desarmamento, desenvolvimento
e paz: perspectivas por um desarmamento integral". O seminário realizou-se ontem e
hoje, no Vaticano, na sede do referido organismo.
O Santo Padre ressalta a
estreita ligação entre desarmamento, desenvolvimento e paz.
"A legítima defesa
é um direito inalienável dos Estados", escreve. Deve-se respeitar o "princípio de
suficiência"; do contrário, chega-se ao paradoxo "pelo qual os Estados ameaçam a vida
e a paz dos povos que pretendem defender e os armamentos, de garantia de paz, correm
o risco de se tornar uma trágica preparação para a guerra".
Em seguida, Bento
XVI detém-se sobre a estreita relação entre desarmamento e desenvolvimento. "Os ingentes
recursos materiais e humanos empregados para as despesas militares e para os armamentos
são, de fato, desviados de projetos de desenvolvimento dos povos, especialmente dos
mais pobres e mais necessitados de ajuda", lamenta. Fenômeno que vai contra a própria
Carta das Nações Unidas.
O papa afirma que as situações nas quais vive hoje
a humanidade poderiam provocar um justificado desconforto e resignação. Nas relações
internacionais, parecem, por vezes, prevalecer a desconfiança e a solidão. "Uma guerra
total de terrível profecia corre o risco de transformar-se em trágica realidade",
constata.
Mas a guerra "jamais é inevitável e a paz é sempre possível. Aliás,
é um dever", recorda. É tempo "de mudar o curso da história, de recuperar a confiança,
de cultivar o diálogo e de alimentar a solidariedade", continua.
Estes são
"os nobres objetivos" que inspiraram os fundadores das Nações Unidas, definidas pelo
pontífice como "verdadeira experiência de amizade entre os povos".
O Santo
Padre ofereceu uma reflexão sobre o peso da indústria bélica na economia globalizada:
"A produção e o comércio das armas estão assumindo um papel de motor na economia mundial
e há, aliás, uma tendência à justaposição da economia civil com a economia militar".
Portanto,
Bento XVI lança um apelo aos Estados a fim de que "reduzam a despesa militar", levando
em consideração "a idéia de criar um fundo mundial a ser destinado a projetos de desenvolvimento
pacífico dos povos".
O Santo Padre também ressalta o que chama de "guerras
pelo bem-estar", ou seja, conflitos causados pela "vontade de expandir ou manter o
domínio econômico em detrimento de outros".
Hoje, mais do que no passado, "é
necessária uma decidida opção da comunidade internacional em favor da paz", atuando
a fim de que "a economia seja orientada a serviço da pessoa humana, da solidariedade
e não orientada somente para o lucro". O desenvolvimento "deve compreender a dimensão
moral e espiritual", frisou.
O pontífice recorda que em diversas áreas do mundo
persistem tensões e guerras. Fenômenos como "o terrorismo em escala mundial tornam
instável o confim entre a paz e a guerra, prejudicando seriamente a esperança pelo
futuro da humanidade". O Santo Padre lança, assim, um apelo aos Estados a fim de que
respeitem os tratados internacionais vigentes sobre o desarmamento e o controle de
todos os tipos de armas.
E mais, pede que seja ratificado o Tratado sobre a
proibição de testes nucleares e que se comprometam para o bom êxito das negociações
sobre a proibição das bombas de fragmentação.
O papa reitera "a existência
de um verdadeiro direito humano à paz" e faz votos, por fim, para "uma difusão da
cultura da paz e de uma partilhada educação à paz, sobretudo das novas gerações".
(RL/BF)