2008-04-12 20:48:25

BENTO XVI: PAZ E DESENVOLVIMENTO DOS POVOS ESTÃO LIGADOS AO DESARMAMENTO


Cidade do Vaticano, 12 abr (RV) - Bento XVI lança um premente apelo à comunidade internacional, a fim de que empreenda com coragem o caminho do desarmamento e, mediante um "novo humanismo", construa as bases para uma paz duradoura e para o desenvolvimento dos povos.

A exortação do pontífice está contida na mensagem ao seminário promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz sobre o tema "Desarmamento, desenvolvimento e paz: perspectivas por um desarmamento integral". O seminário realizou-se ontem e hoje, no Vaticano, na sede do referido organismo.

O Santo Padre ressalta a estreita ligação entre desarmamento, desenvolvimento e paz.

"A legítima defesa é um direito inalienável dos Estados", escreve. Deve-se respeitar o "princípio de suficiência"; do contrário, chega-se ao paradoxo "pelo qual os Estados ameaçam a vida e a paz dos povos que pretendem defender e os armamentos, de garantia de paz, correm o risco de se tornar uma trágica preparação para a guerra".

Em seguida, Bento XVI detém-se sobre a estreita relação entre desarmamento e desenvolvimento. "Os ingentes recursos materiais e humanos empregados para as despesas militares e para os armamentos são, de fato, desviados de projetos de desenvolvimento dos povos, especialmente dos mais pobres e mais necessitados de ajuda", lamenta. Fenômeno que vai contra a própria Carta das Nações Unidas.

O papa afirma que as situações nas quais vive hoje a humanidade poderiam provocar um justificado desconforto e resignação. Nas relações internacionais, parecem, por vezes, prevalecer a desconfiança e a solidão. "Uma guerra total de terrível profecia corre o risco de transformar-se em trágica realidade", constata.

Mas a guerra "jamais é inevitável e a paz é sempre possível. Aliás, é um dever", recorda. É tempo "de mudar o curso da história, de recuperar a confiança, de cultivar o diálogo e de alimentar a solidariedade", continua.

Estes são "os nobres objetivos" que inspiraram os fundadores das Nações Unidas, definidas pelo pontífice como "verdadeira experiência de amizade entre os povos".

O Santo Padre ofereceu uma reflexão sobre o peso da indústria bélica na economia globalizada: "A produção e o comércio das armas estão assumindo um papel de motor na economia mundial e há, aliás, uma tendência à justaposição da economia civil com a economia militar".

Portanto, Bento XVI lança um apelo aos Estados a fim de que "reduzam a despesa militar", levando em consideração "a idéia de criar um fundo mundial a ser destinado a projetos de desenvolvimento pacífico dos povos".

O Santo Padre também ressalta o que chama de "guerras pelo bem-estar", ou seja, conflitos causados pela "vontade de expandir ou manter o domínio econômico em detrimento de outros".

Hoje, mais do que no passado, "é necessária uma decidida opção da comunidade internacional em favor da paz", atuando a fim de que "a economia seja orientada a serviço da pessoa humana, da solidariedade e não orientada somente para o lucro". O desenvolvimento "deve compreender a dimensão moral e espiritual", frisou.

O pontífice recorda que em diversas áreas do mundo persistem tensões e guerras. Fenômenos como "o terrorismo em escala mundial tornam instável o confim entre a paz e a guerra, prejudicando seriamente a esperança pelo futuro da humanidade". O Santo Padre lança, assim, um apelo aos Estados a fim de que respeitem os tratados internacionais vigentes sobre o desarmamento e o controle de todos os tipos de armas.

E mais, pede que seja ratificado o Tratado sobre a proibição de testes nucleares e que se comprometam para o bom êxito das negociações sobre a proibição das bombas de fragmentação.

O papa reitera "a existência de um verdadeiro direito humano à paz" e faz votos, por fim, para "uma difusão da cultura da paz e de uma partilhada educação à paz, sobretudo das novas gerações". (RL/BF)







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