2008-04-10 13:08:36

Europa e EUA ponderam boicotar festa em Pequim: comunidade internacional pede diálogo ao governo chinês, para a conjuntura no Tibete


(10/4/2008) Ao mesmo tempo que milhares de manifestantes contra a repressão da China no Tibete invadiram ontem as ruas de São Francisco - onde a chama olímpica cumpria mais uma atormentada etapa da sua atribulada viagem pelo Mundo -, o Parlamento Europeu convidou os estados membros da União Europeia a ponderarem o boicote da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos (JO) de Pequim, em 8 de Agosto próximo.
Uma batalha de frases contra e a favor do Governo de Pequim, escaramuças entre activistas dos direitos humanos e partidários do regime chinês, manifestações junto ao consulado deste país em São Francisco, além de várias prisões e extraordinárias medidas de segurança marcaram ontem a passagem do símbolo olímpico pelos EUA.
Para evitar qualquer acção inesperada, uma parte do percurso foi efectuado numa lancha rápida, estando o resto fortemente policiado. Em sinal de protesto e também por receio de ferimentos ou lesões que impossibilitassem a sua participação nos Jogos, três atletas recusaram-se a transportar a tocha.
Além do clima de tensão vivido em São Francisco, só por si sinónimo de revés para Pequim e para o seu propósito de separar as Olimpíadas de questões políticas incómodas, horas antes o regime chinês sofrera outro desaire, este no seu próprio território.
Monges budistas interromperam uma viagem de jornalistas estrangeiros e chineses, organizada pelo Governo ao mosteiro de Labrang na cidade de Xiahe, na província de Gansu, gritando palavras de ordem a favor do Dalai Lama e pedindo respeito pelos direitos humanos no Tibete.
No plano diplomático, Pequim viu-se também confrontado com críticas de governantes dos Estados Unidos, australianos e japoneses.
O Presidente George W. Bush, que se encontra de visita a Singapura, falou ontem publicamente sobre a questão do Tibete, voltando a insistir na necessidade de diálogo directo entre o Governo chinês e o Dalai Lama. Os Estados Unidos que, inicialmente, tinham adoptado um registo relativamente discreto, têm subido o nível dos reparos à actuação chinesa, tendo terça-feira uma porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, admitido abertamente a possibilidade de Bush estar ausente na cerimónia de abertura dos Jogos, a 8 de Agosto em Pequim.
O distanciamento da Administração Bush face à China na questão do Tibete acompanha um movimento crescente de reparos críticos e notícias da possível ausência de governantes internacionais nas cerimónias de 8 de Agosto.
Além dos EUA, a Austrália manifestou críticas ao sucedido no Tibete. O primeiro-ministro do Governo de Camberra, Kevin Rudd, disse em termos inequívocos que o seu país considera "existirem problemas consideráveis de direitos humanos" no Tibete.
O governante australiano falava no seu primeiro dia de visita à China e proferiu as suas críticas em mandarim, língua que fala correctamente.
Em sentido semelhante se pronunciou o chefe do Governo japonês, Yasuo Fukuda, que classificou a China "como principal responsável" pela presente conjuntura no Tibete e pediu, também ele, a Pequim para "resolver o problema através do diálogo”.








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