DOM MIGLIORE RESSALTA EXPECTATIVA NA ONU COM A VISITA DO PAPA
Cidade do Vaticano, 10 abr (RV) - "A expectativa é grande e repleta de esperança":
o observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino Migliore, sintetiza assim
o clima nos EUA, a menos de uma semana da chegada de Bento XVI ao país.
Em
entrevista à agência SIR (Serviço de Informação Religiosa), o arcebispo falou, em
particular, sobre a visita do papa à sede das Nações Unidas, programada para o dia
18 deste mês.
"Muitos diplomatas da ONU acompanham e apreciam a clareza e a
fecundidade de pensamento do Santo Padre", disse Dom Migliore. Em seguida, o representante
vaticano ressaltou a coincidência da visita papal com os 60 anos da Declaração dos
Direitos Humanos, um texto pelo qual a Santa Sé tem grande consideração, reiterou
o prelado.
E justamente ontem, quarta-feira, Dom Migliore fez seu pronunciamento
na ONU, na Comissão sobre População e Desenvolvimento.
"Diante dos fenômenos
da migração e da urbanização, jamais se pode esquecer que o protagonista é o homem
com os seus direitos", ressaltou o arcebispo, destacando que, pela primeira vez, o
número da população urbana superou o da população rural.
O prelado reconheceu
que "a urbanização oferece novas oportunidades para o crescimento econômico". Todavia,
"colocar os seres humanos a serviço de meras considerações econômicas cria efeitos
desumanos" e reduz as pessoas a objetos, impedindo-as de serem sujeitos desse crescimento.
Ao
mesmo tempo, acrescentou, devem ser consideradas as razões que impelem as pessoas
a migrar, a fazer sacrifícios, bem como é preciso levar em consideração as angústias
e as esperanças que acompanham os migrantes, muitas vezes obrigados a deixar para
trás famílias e amigos.
Por isso, disse Dom Migliore, é preciso "ajudar os
migrantes a manter as famílias unidas", um modo para encorajá-los a ser responsáveis,
respeitosos da lei e a contribuir para o bem da sociedade. Outro problema concernente
às emigrações dos campos, frisou o prelado, é o nascimento de megalópoles, com o conseqüente
desenvolvimento de bairros inóspitos.
Em 2005, mais de 840 milhões de pessoas
viviam em condições de extremas dificuldades, desprovidas de tudo. Essas pessoas tornam-se
"prisioneiras de um círculo vicioso de pobreza extrema e marginalização", recordou
o prelado.
Em particular, o arcebispo chamou a atenção sobre a condição das
crianças que, ao invés de irem à escola, vivem nos lixões, buscando entre os detritos
um meio de sobrevivência. Por isso, o apelo aos legisladores e líderes da sociedade
civil para que reservem a essas pessoas e a seus problemas uma atenção prioritária
em sua agenda.
O prelado disse ainda que não se pode subestimar os terríveis
desafios que as comunidades rurais devem enfrentar, em particular nos países em desenvolvimento.
Se quisermos alcançar as Metas do Milênio até 2015, disse, então é preciso
ir ao encontro de 675 milhões de seres humanos que ainda não têm acesso à água potável
e de dois bilhões que não usufruem de serviços de saúde de base.
"As políticas
nacionais e internacionais devem assegurar às comunidades rurais uma melhor qualidade
e um maior acesso aos serviços sociais", reiterou Dom Celestino Migliore. (RL/BF)