DOM MIGLIORE NA ONU: "FOME E POBREZA SÃO UMA OFENSA À DIGNIDADE HUMANA"
Nova York, 08 abr (RV) - A pobreza e a fome são "uma ofensa à dignidade humana".
Esse foi o teor do discurso do observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas,
Dom Celestino Migliore. Ele interveio no dia 4 de abril, em Nova York, na 62ª sessão
da Assembléia Geral da ONU, durante o debate sobre o tema "Reconhecer os êxitos, enfrentar
os desafios e recuperar o rumo para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio em 2015".
Em seu discurso, o arcebispo recordou que já estamos na metade
do caminho desde que, em 2000, chefes de Estado e de governo entraram em consenso
sobre "uma série ambiciosa, mas necessária, de objetivos para o desenvolvimento global
a serem alcançados até 2015".
Apesar de alguns progressos registrados, Dom
Migliore reconhece que "a extrema pobreza, a fome, o analfabetismo e a falta de assistência
médica ainda são muito difusos e inclusive pioraram em algumas regiões".
A
Santa Sé, recordou o arcebispo, continua ativamente empenhada em aliviar esses problemas,
"que são uma ofensa à dignidade humana", e "não deixará de destacar tais necessidades
fundamentais, de modo que permaneçam no centro da atenção internacional e sejam enfrentadas
como uma questão de justiça social".
Nesse sentido, o representante vaticano
considera necessária "uma maior solidariedade internacional se o objetivo é conseguir
limitar o crescente abismo entre países ricos e pobres e entre os indivíduos dentro
de um mesmo país".
Entre os progressos obtidos, Dom Migliore citou o acesso
universal à educação primária, ainda que 58 países não poderão alcançá-lo até 2015.
A
educação, constatou, "está na base de todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
e é o instrumento mais eficaz para fazer com que os homens e mulheres possam conseguir
uma maior liberdade social, econômica e política. Os governos e a sociedade civil,
o setor privado, os pais e os educadores devem intervir na educação das futuras gerações
para prepará-las a enfrentar os desafios de uma sociedade cada vez mais globalizada".
Dom
Migliore recordou que "milhares de instituições educativas da Igreja Católica estão
situadas nas cidades mais degradadas e nas mais remotas aldeias, na periferia das
grandes metrópoles e em lugares nos quais as crianças estão obrigadas a trabalhar
para sobreviver".
"Mais que conversas e reuniões, a conquista dos Objetivos
do Milênio exigem empenho e ação concreta. Nossa luta global contra a pobreza não
é simplesmente um ato de generosidade e altruísmo: é uma conditio sine qua non
para um futuro melhor em um mundo mais justo para todos", concluiu. (BF)