“Da Vocação à Missão”: Mensagem do Presidente da Comissão Episcopal Portuguesa Vocações
e Ministérios para a 45.ª Semana de Oração pelas Vocações
(5/4/2008) A presente mensagem do Santo Padre Bento XVI sobre “as Vocações ao serviço
da Igreja – Missão” convida-nos e ajuda-nos a preparar condignamente a próxima Jornada
Mundial da Oração pelas Vocações, a celebrar no dia 13 de Abril de 2008. Desde
o início do seu ministério apostólico, o Santo Padre Bento XVI, retomando uma já longa
tradição, sublinhou e destacou a importância do ambiente e do sentido em que a vocação
deve ser acolhida e em que esta Jornada vocacional deve ser vivida. Exige-se também
aqui um olhar novo e diferente. É neste olhar novo e atento para a Igreja Mistério,
Comunhão e Missão que a vocação deve ser entendida por aqueles que sentem o chamamento
e identificam a voz de Deus e pelas famílias e comunidades onde Deus chama. As
mensagens do Santo Padre para este Dia Mundial de Oração pelas Vocações constituem
uma tríade que deve ser recebida, lida e entendida na sua unidade e na sua complementaridade.
A teologia da vocação tem necessariamente de ser compreendida a esta luz, verdadeira
luz de esperança, que brota do amor infinito de Deus que, pela Igreja – Mistério,
Comunhão e Missão, nos chama a ser servidores da sua alegria, testemunhas da sua bondade
e apóstolos do nosso tempo. 2. Missionária na sua essência, no seu conjunto e
em cada um dos seus membros, a Igreja sabe que o imperativo de viver, testemunhar
e anunciar o Evangelho é de todos os cristãos desde o Baptismo e sobretudo desde a
Confirmação. Para compreendermos o dinamismo, a génese e o percurso de cada vocação
devemos mergulhar neste oceano imenso de graça e de santidade, de mistério e de comunhão,
de serviço e de missão onde se desenvolvem a vida e o testemunho cristão de cada um
de nós. O mistério de amor de Deus pela humanidade e as promessas divinas feitas
ao povo de Israel concretizaram-se, cumpriram-se e “realizaram-se plenamente em Jesus
Cristo” que escolheu discípulos para continuarem a sua missão. A vocação tem sempre
esta génese e evoca em permanência esta história: é dom de Deus e é olhar efectivo
e afectivo de amor e de compaixão redentora para com o povo. O sacerdote, o(a)
consagrado(a) e o(a) missionário(a) são sinal desta aliança divina e são caminho profético
de libertação e de salvação de pessoas e de povos que reencontram Deus e redescobrem
o sentido da Vida e da História. Vivendo como discípulos de Jesus, o Mestre, e dóceis
ao Espírito Santo eles sentem-se enviados em missão, em discretos e anónimos trajectos
ou em percursos novos e corajosos junto de quem sofre e de quem trabalha pelas causas
justas e urgentes de um mundo em busca de Deus, de dignidade e de esperança. Nunca
nos faltou no exemplo de Jesus e na vida da Igreja o lugar e o tempo dados à oração
e à contemplação como formas imprescindíveis a preceder e a acompanhar a vocação a
uma vida activa ou a fundar o carisma e a missão da própria vocação à vida contemplativa.
Este é um dom inesgotável de graça e de bênção a que devemos incessantemente recorrer.
Lembra-nos o Santo Padre que “somente num terreno espiritualmente bem cultivado brotam
as vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada”. 3. A oração, a alegria
de ser chamado, a coragem de chamar, a disponibilidade confiante para trabalhar na
pastoral juvenil e vocacional, a vida cristã das famílias, o ambiente formativo dos
Seminários e das Congregações e Institutos Religiosos e o acolhimento e compromisso
apostólico das comunidades e instituições cristãs são alguns dos inúmeros momentos,
meios e mediações de uma verdadeira e criativa pedagogia da vocação. O exemplo
de S. Paulo e o “discurso missionário” de S. Mateus, que o Santo Padre refere na Mensagem,
falam-nos de uma verdadeira cultura da vocação respaldada na simplicidade, na verdade,
na confiança, na conversão e na coragem, características tão próprias dos jovens de
hoje e de sempre. São múltiplos e “comoventes os testemunhos que poderão inspirar
muitos jovens a seguirem Cristo e a gastarem a sua vida pelos outros”, diz-nos Bento
XVI. Sentimos todos igualmente que são muitos, generosos e criativos os testemunhos
daqueles que se decidem hoje a trabalhar com alegria na pastoral vocacional nos seus
âmbitos mais diversificados e nas suas expressões mais belas. Também isso nos diz
que a hora que vivemos é uma hora de Deus que, em jeito de vigília, anuncia manhãs
de esperança. 4. Pede-nos o Santo Padre que a sua Mensagem, dirigida a todas as
comunidades eclesiais, possa suscitar “subsídios de oração e encorajar o empenho de
todos os que trabalham com fé e generosidade ao serviço das vocações”. Foi nesta
Mensagem que se inspirou, com dedicação e alegria, o Secretariado Diocesano de Pastoral
Juvenil e Vocacional de Aveiro, a pedido da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios,
para elaborar este Guião a multiplicar pelas dioceses, comunidades e movimentos e
grupos apostólicos de todo o País. Esta referência de justa gratidão é também um sinal
da comunhão e da partilha que a Comissão Episcopal Vocações e Ministérios tem procurado
incentivar e promover. 5. Que Nossa Senhora, a Estrela da Esperança, nos ensine
a “implorar do Senhor o florescimento de novos apóstolos” e a trabalhar nesta missão
da pastoral vocacional com alegria e com generosidade. +António Francisco dos
Santos, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios