DOM TOMASI NA ONU: "NENHUM LUGAR ESTÁ ISENTO DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL"
Genebra, 05 abr (RV) - Apesar da repulsa comum ao racismo, xenofobia e outras
formas de intolerância, "nenhum lugar do mundo está isento de experiências de discriminação
racial". Foi o que disse o observador permanente da Santa Sé na ONU em Genebra, na
Suíça, Dom Silvano M. Tomasi.
A intervenção de Dom Tomasi foi feita durante
a VII sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que se realizou de 3 a 28 de
março, e foi divulgada ontem pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O prelado
interveio em suas sessões, nas quais sublinha a necessidade de fundar os direitos
humanos na inerente dignidade da pessoa: "Centrar-se na pessoa não é uma justificação
para o individualismo", porque "nenhuma pessoa chega a ser tal a não ser em relação
com outros, um processo que começa na família natural".
Dom Tomasi explica
que esse contexto relacional implica que direitos e deveres são inseparáveis; a cada
direito corresponde um dever e de sua interação e da promoção do bem comum depende
a vida das comunidades.
Para isso, continua o prelado, deve-se enfrentar a
tarefa de proporcionar um meio em que a pessoa possa desenvolver-se sem discriminações.
"Não
há lugar do mundo isento de experiências de discriminação étnica, ainda que seja convicção
comum de que o racismo, a xenofobia e outras formas de intolerância são internacionalmente
condenados", analisa Dom Tomasi.
No atual âmbito de globalização e de pluralização
social, o caminho a percorrer "não consiste em um diálogo abstrato de civilizações
ou em uma concepção do indivíduo desraigado das relações humanas", mas na interação,
na integração e no reconhecimento da diferença e igualdade do outro.
Isso permitirá
enfrentar situações de intolerância inclusive religiosa, que demandam, por sua complexidade,
uma atitude de colaboração, utilizando os necessários mecanismos internacionais.
De
acordo com Dom Tomasi, é necessária uma mudança de atitude, que substitua no coração
o medo ou o espírito de dominação pela solidariedade e a abertura aos demais.
"Este
é um papel fundamental das religiões, que têm a responsabilidade de oferecer um ensinamento
que enfatize a dignidade de todo ser humano e a unidade da família humana", conclui
o representante da Santa Sé. (BF)